Cotidiano

Funcionários analisam proposta e decidem não deflagrar greve

Proposta de acordo foi apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho e está condicionada a não deflagração da greve

Os funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) decidiram, em assembleia geral realizada no início da noite de ontem, não aderir à greve nacional prevista para começar hoje, dia 8.  O vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Renato de Lacerda Paiva, apresentou uma proposta de acordo, que está condicionada a não deflagração de movimento grevista.

A proposta mantêm todos os termos do acordo coletivo de 2017/2018 e também a reposição salarial pela inflação no período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Mesmo não aderindo ao movimento nacional, os funcionários de Roraima aprovaram um indicativo de greve para o dia 14 de agosto. Entre as reivindicações estão vale-alimentação, modificação no quadro de remunerações e a não privatização da empresa.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos e Similares, Ariomar Farias, explicou que a primeira proposta feita, sob as novas regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), liquidaria os direitos dos trabalhadores, que recusaram a oferta. Agora eles estudarão a nova proposta e podem dar uma resposta até amanhã, dia 9.

CONDIÇÕES – Uma das preocupações dos funcionários é com os constantes cortes de pessoal. Segundo os funcionários, apenas dois Centros de Distribuição de Domicílios (CDD) estão em funcionamento. Por conta disto, a distribuição de correspondências é feita apenas na parte da manhã. Quando chove, a entrega é feita à tarde.

Muitas empresas, como as de telefonia, encerraram os convênios com os Correios, que têm perdido espaço no mercado. “As empresas já estão tirando o convênio com os Correios, muitas estão incentivando os clientes a pagarem suas faturas apenas pela internet e isso acaba tirando cada vez mais os nossos serviços”, comentou Ariomar.

Além disso, há problemas também nos benefícios, como o de saúde. O plano de saúde não é mais coberto pela empresa e a mensalidade é alta. “Para os funcionários dos Correios, que têm o salário mais baixo dentre as empresas estatais, o valor de mensalidade é alto e ainda há o compartilhamento, que pode ser de 30% em consultas ou exames médicos”, afirmou.

Ariomar Farias aproveitou para criticar a reforma trabalhista, que não beneficiou os funcionários. “A reforma trabalhista não veio para gerar empregos. Ela veio no sentido de flexibilizar a redução do emprego e trabalho. Ela pegou a parte mais fragilizada e colocou o trabalhador de encontro com todos os obstáculos da lei para reivindicar os seus direitos”, disse. Para ele e os colegas de empresa, o sentimento que fica é o de desvalorização dos funcionários. “Estamos indo para o fundo do poço”, lamentou.

Caso os funcionários decidam pela rejeição do acordo proposto pelo TST e pela deflagração da greve, o presidente do Sindicado pede que a população apoie o movimento. “Se pararmos, o serviço mais afetado será o de distribuição domiciliar. Mas além destes servidores, os carteiros, os setores administrativos também paralisarão as atividades”, concluiu. (G.L)