Política

Governo anuncia criação de casa de passagem para venezuelanos

Casa de passagem terá a função de dar suporte provisório aos imigrantes que estão pela fronteira norte, em Pacaraima

O Governo do Estado destinou um galpão de 867 metros quadrados, no município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, norte do Estado, para servir como casa de passagem para os venezuelanos índios e não índios que estão fugindo da crise econômica e política que o país vizinho está passando. O local tem capacidade para atender 250 pessoas por dia.

A medida foi anunciada pela governadora Suely Campos (PP) em reunião na manhã desta terça-feira, 22, com o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, e representantes do Alto Comissionado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e Defesa Civil do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima.

O galpão está localizado em uma área de 2.757 metros quadrados e a 500 metros da rodoviária de Pacaraima, na Rua Ester de Oliveira Seabra, bairro Vila Velha. “A medida adotada pelo governo é para dar dignidade a essas pessoas que estão sofrendo com a crise que a Venezuela está passando e evitar que famílias inteiras fiquem nas ruas, passando por necessidades, sem condições de higiene e sem alimentação para as crianças”, disse a governadora.

As adequações do local, com construção de cozinhas e banheiros, devem iniciar nesta quarta-feira, 23. No acordo, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias vai disponibilizar material de construção para fazer as edificações, e a Prefeitura entra com a mão de obra. O governo será responsável pela gestão do local e alimentação desses venezuelanos.

“Queremos ajudar nessa situação complicada e desafiante dessas pessoas que estão vindo da Venezuela. Vamos contribuir com materiais para construção das instalações adequadas e outros suportes que ajudem essas pessoas a serem autossuficientes, com aulas de Língua Portuguesa e cursos que ajudem a essas pessoas a procurarem um emprego, por exemplo”, afirmou o presidente da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Marcos Aidukaitis, que veio de São Paulo para participar da reunião com a governadora. Segundo o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, o fluxo de venezuelanos no momento encontra-se estável. “Nos últimos 15 dias, muitas pessoas estão passando pelo município, não ficando no local. Mas os indígenas Warao ficam e estamos dando um suporte para atender essas pessoas em vulnerabilidade, que passaram o inverno nas ruas da cidade”, enfatizou. O prazo de permanência desses venezuelanos no local ainda está em discussão.

CRISE – Desde o ano passado a crise na Venezuela tem motivado a vinda de venezuelanos para o Brasil. Estima-se que mais de 30 mil venezuelanos estão vivendo entre os municípios de Pacaraima (considerado como cidade de passagem), Boa Vista (com maior concentração) e demais cidades ao longo da BR-174 até chegar ao Amazonas.

Em outubro do ano passado, o Governo do Estado deu início às ações, sem participação de outros órgãos das esferas dos governos municipal e federal, com a criação do Centro de Referência ao Imigrante, com apoio para acomodação temporária, alimentação e atendimento médico.
Com o agravamento da crise e aumento do fluxo de venezuelanos em Boa Vista, a Organização Não-Governamental Fraternidade (Federação Humanitária Internacional) passou a colaborar com ações humanitárias.

Passados meses, somente este ano o Governo Federal se manifestou e destinou recursos na ordem de R$ 480 mil para apoio nas ações voltadas aos venezuelanos.

Com os recursos disponíveis, o governo firmou parceria entre a Secretaria de Infraestrutura (Seinf), Secretaria de Educação e Desporto (Seed), Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) e técnicos municipais para realização de serviços de terraplanagem, melhorias nos banheiros, telhado e parte elétrica do ginásio. Os serviços estão em fase de execução.

O Governo do Estado enviou plano de ação ao Ministério do Desenvolvimento Social contendo planejamento financeiro e cronograma de atividades, com metas a serem atingidas, como reparos na estrutura do ginásio que está abrigando os venezuelanos (processos estão em andamento e seguem os critérios da administração pública), além da aquisição de alimentos e itens de higiene e colchonetes.

Esta foi a única vez que o Estado recebeu verba federal para ser aplicada no atendimento aos venezuelanos. O recurso é referente a atendimento de aproximadamente 200 pessoas, pelo período de seis meses e foi repassado do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) ao Fundo Estadual de Assistência Social, sendo analisado e aprovado pelo Conselho Estadual de Assistência Social (Ceas).