Cotidiano

Governo não pode exigir carteira de vacinação de venezuelanos na fronteira

A situação expõe ainda mais o risco de Roraima se tornar porta de entrada para doenças importadas

Apesar de a Venezuela exigir a carteira internacional de vacinação para a entrada de brasileiros, nada impede a entrada de venezuelanos pela fronteira com Roraima. Isso porque, segundo o Governo do Estado, uma resolução internacional proíbe que o Brasil exija a apresentação do documento que comprove a imunização de estrangeiros.

A situação expõe ainda mais o risco de Roraima se tornar porta de entrada para doenças importadas. Há quatro meses, já houve registro no Estado de um caso de Difteria, doença altamente infectocontagiosa. Na ocasião, o paciente que veio da Venezuela foi a óbito dias após o diagnóstico. O último caso registrado em Roraima havia sido em 2001.

Esta semana, um surto de sarampo em Bolívar, considerado o maior no Estado da Venezuela, fez com que Roraima elevasse o alerta para uma eventual entrada da doença na fronteira de Pacaraima, localizada na região Norte. Até o momento, são 38 casos confirmados na Venezuela, colocando as regiões vizinhas em alerta.

Segundo o gerente do Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunização (NEPNI), da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Rodrigo Danin, porém, não há como impedir a entrada de venezuelanos que não comprovem a vacinação contra a doença. “Embora aparentemente fosse a melhor solução, isso não é possível, porque o regulamento sanitário internacional não permite a exigência da carteira de vacinação”, disse.

Conforme Danin, a mesma resolução deveria valer para todos os países da América do Sul. Na prática, no entanto, não é o que ocorre. Em abril, a Venezuela voltou a obrigar a apresentação do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), com registro de vacinação contra a febre amarela, para viajantes procedentes do Brasil.

O alerta contra o risco de sarampo surgiu após o diagnóstico em Roraima de um caso de uma paciente vinda da Venezuela. “Tivemos suspeita de um caso, o médico notificou como sarampo e depois investigamos por meio de exames e identificamos que não era sarampo. O que existe é a intenção de intensificar a vacinação na fronteira”, explicou Danin.

Conforme o gerente, atualmente Roraima dispõe de 25 mil doses da vacina contra o sarampo, quantitativo que pode aumentar para aproximadamente 50 mil, já que uma nova remessa deverá chegar ao Estado nesta sexta-feira, 15. “O alerta saiu paralelo a isso e, com o elevado índice de casos de sarampo confirmados no Estado de Bolívar, ficamos preocupados com essa possibilidade que volta a circular no Brasil e que entra por Roraima”, frisou. (L.G.C)

Vigilância em Saúde de Roraima discute estratégias com autoridades venezuelanas

A Vigilância em Saúde do Estado realiza hoje, 13, uma reunião para elaborar estratégias para impedir que o surto de sarampo na Venezuela chegue a Roraima. O encontro será às 10h, no auditório da Vigilância em Saúde do Estado, localizado na Avenida Capitão Júlio Bezerra, 283, São Francisco.

Participam da reunião agentes de saúde do Estado, a secretária de Segurança Pública de Roraima, Giuliana Nicolino de Castro, o diretor do Departamento Estadual de Turismo (Detur), Ricardo Peixoto, além de representantes do Governo do Estado de Bolívar, na Venezuela.

Segundo a coordenadora de Vigilância em Saúde, Daniela Souza, a decisão de realizar o encontro foi tomada depois que Roraima recebeu o alerta do surto de sarampo no país vizinho. “Precisamos redobrar a nossa atenção, uma vez que no final de ano aumenta o número de brasileiros com destino à ilha de Margarita, na Venezuela”, alertou.

Daniela disse ainda que, a Vigilância em Saúde já vem realizando um trabalho de prevenção contra o sarampo, desde que soube do surto na Venezuela. Dentre as ações estão à capacitação de agentes que atuam na área de fronteira e a vacinação dos profissionais de saúde da Capital e do Interior. “É essencial que nosso corpo técnico esteja imunizado para que juntos possamos combater essa doença erradicada no Brasil”, esclareceu.

Para fortalecer ainda mais o trabalho de prevenção contra o sarampo, o Estado disponibilizou recentemente para todos os municípios novas doses de vacinas para a população ser imunizada. “Os postos estão abastecidos com a vacina contra o sarampo. Por isso, é importante que os pais levem seus filhos às unidades de saúde mais próximas de suas casas para que sejam vacinados”, alertou.

Ela adiantou que a Vigilância em Saúde pretende discutir no encontro sobre uma possível parceria com as agências de turismo de Roraima e da Venezuela. “A ideia é elaborar um material informativo, em duas línguas [português e espanhol], para que as agências possam distribuir aos turistas brasileiros que estão com viagem marcada para a Venezuela”, explicou.