Cotidiano

Governo quer criar unidade para orientar turistas brasileiros em Pacaraima

Estimativa é que 12 mil pessoas tenham saído do Brasil para passar as férias no país vizinho, mas a violência preocupa as autoridades locais

Os recorrentes casos de assaltos e até de mortes de turistas brasileiros na Venezuela, como ocorreu nesse final de semana, acenderam o sinal de alerta entre os governos dos dois países sobre a falta de segurança no país vizinho. 

A estimativa do Governo de Roraima é que 12 mil turistas brasileiros, a maioria do Estado do Amazonas, estejam passando as férias de início de ano na Venezuela. O destino preferido é a Ilha de Margarita, a Nordeste de Caracas, capital do País. Mas, a crise econômica, social e política têm preocupado autoridades locais.

A secretária-adjunta de Estado Extraordinária de Gestão Internacional, Fátima Araújo, informou que se reuniu com autoridades das Forças Armadas da Venezuela para buscar estratégias que possam garantir a segurança dos brasileiros. A ideia inicial é que um centro de informações ao turista seja criado em Pacaraima, na fronteira, para orientar sobre os riscos no país vizinho. “As autoridades venezuelanas marcaram uma reunião para vermos uma forma de buscar mecanismos em conjunto, porque diariamente a Venezuela tem recebido turistas brasileiros e precisamos buscar estratégias para termos o mínimo de segurança”, disse a secretária-adjunta.

Somente este mês, foram registrados pela Secretaria de Gestão Internacional três casos de assaltos a brasileiros em Margarita, um deles ocorrido no dia 13 de janeiro e que resultou na morte do amazonense Amaury Castro da Silva, de 48 anos, executado com um tiro no peito. Ele estava acompanhado da família e viajava com um grupo de vinte turistas, entre os quais dez crianças e dois bebês e, mesmo assim, não escapou da violência na Venezuela.

Conforme a secretária-adjunta, uma das preocupações é que os turistas não viajem pelas estradas venezuelanas à noite. “Se chegarem a uma cidade às 17h que fiquem lá, não devem viajar de noite de forma alguma, porque é muito perigoso e fica vulnerável”, alertou.

Para Fátima, a articulação e o bom relacionamento entre o Governo de Roraima e o da Venezuela tem sido fundamental no apoio aos brasileiros. “Temos que ver essa situação como algo que ocorre de forma recorrente. Vamos montar plano de trabalho e apresentar às autoridades venezuelanas, porque hoje não tem uma instituição ou representação na fronteira que se encarregue disso”, destacou.

Especialista em segurança orienta brasileiros a não irem para a Venezuela

Ambiente favorável para o crime, vítimas em potencial e pessoas dispostas a praticar delitos. Foi assim que o especialista em segurança pública e tenente-coronel da Polícia Militar de Roraima, Jurandir Rebouças, classificou a atual situação em que se encontra a Venezuela.

Ele afirmou que o país vizinho é um local de extremo risco para os turistas brasileiros e propício ao que as autoridades em segurança chamam de triângulo do crime. “É obvio que a criminalidade vai aumentar. O crime é um ambiente favorável e, na Venezuela, as pessoas estão passando fome. Além disso, os brasileiros são vítimas em potencial, porque vão com dinheiro”, disse.

A principal orientação, segundo Rebouças, é não ir para a Venezuela. “O ideal é procurar outro itinerário, porque lá existe extorsão praticada inclusive por alguns integrantes da Guarda Nacional venezuelana. Sabemos que antes da crise já existia a extorsão a turistas brasileiros. A Venezuela tem sido um dos países mais violentos da América latina”, frisou. (L.G.C)