Cotidiano

Grupo de pesquisadores da UFRR desenvolve energético de açaí

A bebida foi desenvolvida totalmente com frutas nativas de Roraima, mas ainda falta passar por testes fisiológicos

Futuramente a população roraimense pode ter uma bebida repositora de hidroeletrolítico (isotônico) feita com matéria-prima das frutas nativas da região. O produto foi idealizado por três pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que tinham como objetivo colocar em prática as pesquisas oriundas dos projetos de doutorando e passar a comercializar os resultados finais. Desde 2013, a equipe vem trabalhando em conjunto, estudando as frutas de Roraima para poder desenvolver fórmulas de bebidas e também de iogurtes. 

Conforme relembrou o orientador do grupo, Leandro Camargo, mesmo com poucos recursos financeiros, o trio continuou empenhado para que chegasse ao primeiro passo de colocar o produto nas prateleiras. “Estamos na fase de depósito da patente, que é o cadastro em uma plataforma de dados, a partir daquele momento você tem a propriedade intelectual do projeto. O próximo passo vai ser uma avaliação técnica do produto. Estando tudo certo, teremos a patente. Dessa forma, ninguém pode utilizar a mesma ideia que nós”, disse.

Para o professor do Centro de Estudos da Biodiversidade (CBIO), doutorando Rosinildo Silva, o diferencial do produto está justamente no uso da polpa de fruta, sem o uso de aromatizantes e corantes químicos que não sejam naturais da própria fruta. Ao analisar todos os testes, a fruta escolhida que melhor atendia às expectativas dos pesquisadores foi o açaí, pela coloração e também da capacidade de antioxidante natural. A equipe de reportagem teve acesso à bebida e constatou que o sabor e o aroma remetem ao açaí puro.

“A gente tem a bebida pronta. Tem os eletrólitos na formulação que é para repor durante as atividades físicas e juntamente com a questão fisiológica que repõe água. O açaí tem uma capacidade antioxidante muito boa e nós pensamos em potencializar essa capacidade. Nós aditivamos o produto com algumas vitaminas e outro composto, a creatina, para elevar a capacidade antitérmica”, relatou o doutorando. Rosinildo também afirmou que o repositor vai ajudar na recuperação de células que foram danificadas por conta de exercícios físicos intensos. 

Atualmente a principal dificuldade é encontrar patrocinadores que estejam interessados na comercialização da bebida. Sem ter qualquer apoio financeiro, a equipe ainda encontra dificuldades na fase de testes fisiológicos, que seriam os realizados em atletas para saber se a composição realmente é a mesma que foi determinada no laboratório. 

“Estamos procurando parceiros que possam investir no nosso projeto. Não só nesse produto, como também a bebida láctea, mas existe uma dificuldade muito grande da pessoa acreditar no produto final. Então tá na hora de o empresariado roraimense começar a acreditar nas universidades. O nosso grupo trabalha com projetos práticos, com geração de bens de consumo para a sociedade”, afirmou Leandro Camargo.

De acordo com o grupo, todo o planejamento que envolve a comercialização do produto, como embalagens e dispositivos, já está encaminhado, mas sem o apoio financeiro fica cada vez mais distante a possibilidade da venda.

DIFICULDADES – Além de todos os embates para conseguir patrocinadores, a equipe também relata a limitação da estrutura da UFRR, que acaba causando demora para a finalização dos testes. “Faltam equipamentos, por exemplo, uma esteira para avaliação física, um aparelho que mede o consumo de oxigênio, equipamentos para fazer a coleta de sangue. Precisaria dessa parceria para ter uma estrutura necessária para o teste”, apontou Rosinildo.

Sem a possibilidade de custear os testes, a equipe ainda não tem previsão de quando poderá finalizar o produto, ter a certificação para comercialização nem estimar o valor final. A prioridade no momento é finalizar os testes fisiológicos. “A capacidade técnica desse produto necessita desses equipamentos e dessas análises para que a gente possa melhorar, o que já existe, mas precisa de aporte técnico”, completou o orientador, Leandro Camargo.

A professora da escola Agrotécnica, Daniela Cavalcante, que completa o grupo, garante que depois que a bebida tiver totalmente completa e puder ser comercializada a tendência é ampliar o leque com novos produtos, com outras formas e frutas de Roraima. “A gente estuda outras frutas. Já venho estudando o açaí, bacaba, camu-camu. Nos dois últimos anos, estudo o buriti e o murici. Trabalho com os lácteos. A gente estuda o comportamento da fruta no produto. Esse foi o primeiro, um protótipo, saber de comportamento. Tem possibilidade de dar certo com outras frutas”, disse.

Por fim, o grupo fez um apelo aos setores empresariais para que seja possível a comercialização a baixo custo. “São produtos com o nome do estado, da Universidade Federal”, finalizou o orientador. (A.P.L)

Publicidade