Cotidiano

HGR faz 1ª cirurgia de captação em RR

O êxito no procedimento coloca Roraima entre as unidades que podem ajudar pacientes que precisam de transplante

Uma cirurgia de captação de órgãos foi feita pela primeira vez com sucesso no Hospital Geral de Roraima. O procedimento com duração de quatro horas ocorreu na madrugada de sábado, 24, pela equipe médica do Hospital Geral, e outra do Sistema Nacional de Transplantes vinda de Brasília em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). 

Foram captados fígado, dois rins, duas córneas, e quatro válvulas cardíacas, de uma jovem. Os órgãos seguiram para Brasília, onde devem beneficiar nove pacientes que estão aguardando na fila do Sistema Nacional de Transplantes.

As informações com detalhes do procedimento foram repassadas pelo secretário estadual de saúde, Marcelo Batista e pelo diretor do Hospital Geral de Roraima (HGR) Samir Xaud. Também estavam na coletiva o coordenador da Central Estadual de Transplantes, Douglas Teixeira e o médico que acompanhou o processo desde a entrada da paciente na unidade de saúde e responsável pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), Roger Caleffi.

O secretário estadual de saúde, Marcelo Batista, disse que este processo é extremamente burocrático e desde 2015 o Estado tenta adequar sua equipe de médicos e enfermeiros para que o HGR esteja apto a contribuir com a captação de órgãos destinados a transplantes de pacientes.

“Foi um trabalho que envolveu vários profissionais e o mérito é de toda a equipe. Mas, ressaltamos o apoio incondicional da família da paciente desde o momento em que foi constatada a morte encefálica. Além de ajudar outros pacientes que estão na fila à espera de órgãos para transplante, conseguimos o feito inédito, de diminuir a burocracia e nos firmarmos no Sistema Nacional de Transplantes, beneficiando pacientes locais que atualmente sofrem a espera de doação, além de atender pacientes em todo o país.”, disse.

O coordenador estadual da Central de Transplantes, Douglas Teixeira, ressaltou que superada a questão burocrática, e o investimento no treinamento da equipe médica e técnica, atendendo a legislação vigente, Roraima agora está apta a ofertar órgãos para a Central Nacional de Transplantes, graças ao trabalho da equipe da CET, que passa a integrar o sistema nacional.

“O Brasil é um dos países mais rigorosos quanto a legislação no processo de doação de órgãos e transplantes. A partir da superação dessas etapas, estamos integrados a Central Nacional de Transplantes. A oferta desses órgãos é possível após a confirmação da morte encefálica. O passo seguinte é a conversa com a família, a quem exclusivamente cabe a decisão”, comentou.

O diretor do HGR, Samir Xaud, comentou que foram vários anos de preparação até que a captação de órgãos se tornasse realidade. Agora, o próximo passo será realizar os transplantes aqui no Estado. “Demos o passo inicial. A equipe de cirurgiões do HGR está apta tanto a realizar a captação, quanto a transplantar os órgãos. Esse será o nosso próximo passo. Em breve teremos a capacidade de retirar e encaminhar estes órgãos à Central Nacional de Transplantes. Essa é a nossa próxima meta, e com certeza o sucesso obtido na captação realizada”, informou.

Família foi fundamental para concretizar a captação

O médico Roger Caleffi, comentou que o procedimento inicia quando a equipe que acompanha atesta a morte encefálica do paciente. Segue-se o protocolo de confirmação do resultado como a constatação da morte cerebral e acolhimento a família. Nesse momento é esclarecido como funciona a logística e cuidados com o paciente para que tenha condições de ofertar os órgãos. A função intra-hospitalar é realizada pelo HGR.

Para a continuidade do processo que por fim beneficiará pessoas que aguardam na fila de transplantes, Roger salientou que é necessário o diálogo entre os familiares, pois a decisão de doar ou não, os órgãos é manifestada pela família, e não pelo paciente em vida, por isso se torna importante o acolhimento familiar para que o processo tenha sucesso.

“Neste processo a família foi muito compreensiva, disposta a contribuir com o sucesso do procedimento no estado, face a complexidade. É necessário ressaltar a longa espera a partir do momento que se diagnosticou a morte da paciente – mais de 30 horas – até finalizar o processo, para que então tivessem acesso ao corpo para iniciar o velório. Em todo momento a família foi ímpar. Mesmo em momento difícil, colaborou, foi paciente e soube entender a necessidade dessa importante etapa para contribuir com outras vidas”, finalizou.