Polícia

Homem é morto com 14 facadas

Vítima era, segundo a própria mãe, envolvida com drogas; ele vendeu tudo o que tinha em casa para alimentar o vício

Um homem, identificado como Carlos Alberto Rêgo da Silva Filho, de 36 anos, foi morto a facadas na madrugada de ontem, dia 19, no cruzamento das ruas Rosa Oliveira de Araújo com Grão-Mestre Ademir Viana, no bairro Santa Luzia, zona oeste da Capital. O fato ocorreu por volta das 2h45. No total, 14 perfurações foram desferidas na vítima. Carlos era um velho conhecido da Polícia.

Uma guarnição do 2o Batalhão da Polícia Militar foi acionada por meio do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) para atender a ocorrência. Assim que chegou ao endereço, a equipe encontrou a vítima sem vida, nua e com os ferimentos principalmente na região do tórax e do pescoço. O calção que seria de Carlos Alberto estava a alguns metros do corpo.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local do fato e constatou o óbito. A área foi isolada a fim de que a perícia criminal realizasse os procedimentos técnicos de coleta de dados que irão compor o inquérito policial e ao fim dos trabalhos, o corpo foi removido pelos agentes do Instituto de Medicina Legal (IML).

Na manhã de ontem, a reportagem da Folha foi até o local onde o crime ocorreu e conversou com alguns vizinhos, que não quiseram se identificar, mas eles relataram que ouviram gritos, entretanto tiveram medo de abrir a porta para saber do que se tratava.

Os policiais que estiveram no local do fato reconheceram Carlos Alberto como sendo um usuário de drogas que morava nas proximidades, uma vez que abordagens anteriores resultaram na prisão do homem. Na tentativa de confirmar sua identidade, os militares fotografaram o rosto da vítima e enviaram para o plantão da Divisão de Inteligência e Captura da Secretaria de Justiça e Cidadania (Dicap/Sejuc).

Pelas características, a Dicap afirmou que poderia se tratar de Carlos Alberto, mas que somente o Instituto de Identificação poderia confirmar a identidade. Um suposto amigo também compareceu à cena do crime e reconheceu Carlos. Nenhum familiar chegou ao endereço onde o corpo foi abandonado pelos criminosos.

O suposto amigo contou à PM que populares, vítimas dos crimes de furto praticados por Carlos, tinham feito ameaças de matá-lo. O indivíduo residia na rua Grão-Mestre Ademir Viana, numa casa totalmente abandonada, sem telhas, portas e janelas. Os vizinhos contam que ele vendeu tudo o que havia no imóvel para comprar entorpecentes. Dentro da casa foram encontradas latinhas que serviam como suporte para o uso de drogas.

O caso está sendo investigado pela Delegacia-Geral de Homicídios (DGH), mas até o fim da tarde de ontem, ninguém tinha sido preso como autor do crime. O corpo foi reconhecido ainda na manhã de ontem pela mãe da vítima e liberado para funeral e sepultamento. (J.B)

Mãe da vítima confessa que lutou para que o filho saísse do mundo das drogas

Na manhã de ontem, dia 19, a equipe da Folha encontrou a mãe de Carlos Alberto Rêgo da Silva Filho, no Instituto de Medicina Legal (IML) aguardando a liberação do corpo. Ela já tinha feito o reconhecimento e deu algumas informações a respeito do filho, que era usuário de drogas e tinha diversas passagens pelas Delegacias da Capital.

Ela não quis se identificar, mas contou que é o segundo filho que perde para as drogas. Há quatro anos, outro filho também foi assassinado por causa do envolvimento com o tráfico. Atualmente a mãe da vítima disse que morava afastada dele, mas que alguns anos atrás viveram na mesma casa. Ela teve que conviver com a triste realidade de ver o filho vender seus bens para comprar entorpecentes.

“Ano passado, na Semana Santa, eu consegui internar na reabilitação, mas ele fugiu, disse que não gostou do local. Ultimamente estava frequentando o Grupo dos Alcoólicos Anônimos. Eu dei muitos conselhos, pedi que ele fosse embora para outro estado, para recomeçar a vida do zero, longe das drogas, mas não tinha quem fizesse ele sair daquela área”, disse a mãe.

A dona de casa revelou também que teve que ir embora da própria casa depois que o filho começou a vender os pertences dela. Por último ele vendeu as portas, janelas e as telhas. O imóvel ficou totalmente depredado, em situação de abandono. “Eu deixei ele, a esposa e os filhos, mas depois de um tempo nem a esposa suportou e também foi embora”, acrescentou.

Em relação ao crime, a mãe de Carlos relatou que retornou do interior no começo da noite do domingo, dia 18, e deitou-se, mas não conseguiu dormir. “Era uma angústia e eu ficava lembrando dele. Eu disse que quando amanhecesse eu iria atrás dele, mas recebi o telefonema da ex-mulher dele dizendo que ele tinha sido morto”, finalizou a dona de casa.

A mãe lamentou que não tinha onde fazer o funeral do filho, pois a única casa que tinha foi destruída por ele. (J.B)