Cotidiano

Imigrantes improvisam abrigo no Jardim Floresta à espera de vagas

Moradores afirmam que existem famílias passando por necessidade, abrigadas embaixo de chuva, com seus poucos pertences molhados

Moradores do bairro Jardim Floresta, zona oeste da Capital, acionaram a Folha para reclamar das condições de higiene e segurança do local. Segundo os residentes da área, os imigrantes venezuelanos que não têm lugar para ir começaram a se instalar nas redondezas do abrigo do bairro, o que tem causado transtornos para a população.

De acordo com moradores e comerciantes, cerca de 300 pessoas passam a noite nas ruas Antônio da Costa Uchoa e Sizenando Cavalcante, perto da Comunidade Católica Nossa Senhora do Livramento. 

A Folha esteve no local na tarde de ontem, 20, e confirmou que pelo menos 50 pessoas vivem de forma precária na região. A alimentação era feita em panelas esquentadas no fogo por pedaços de madeira ou por doação de organizações. As roupas e lençóis recém-lavados eram estendidos nas muretas e cercas das casas e terrenos baldios. Pessoas dormiam envoltas em lona, próximo às sacolas de lixo, ao lamaçal e a animais de rua.

Os moradores afirmam que existem crianças, mães e pais de famílias passando por necessidade, abrigadas embaixo de chuva, com seus poucos pertences molhados. “A gente fica de coração partido. A gente precisa que o poder público tome uma atitude para impedir essa situação”, disse um morador.

Porém, os denunciantes também informam que existem pessoas de má índole e que consomem bebida alcoólica e fazem uso de drogas, mesmo próximo a crianças e menores de idade. “Assim como tem gente de bem, tem gente ruim, que faz coisa errada”, comentou.

LIMPEZA – A solicitação de um leitor, que preferiu não ser identificado, era que a Prefeitura de Boa Vista tomasse providências urgentes em relação aos venezuelanos que estão se abrigando no bairro. “Está insuportável o fedor de fezes e demais dejetos, haja vista que estão literalmente morando nas ruas, próximo ao abrigo da Avenida Carlos Pereira de Melo”, disse o morador da região.

“Está muito fedido perto dos muros. Eles não têm onde fazer as necessidades, não têm para onde ir. A gente já pediu que a Prefeitura instalasse pelo menos alguns banheiros públicos para eles, mas não tem retorno”, disse um comerciante.

PREFEITURA – Sobre venezuelanos no bairro Jardim Floresta, a Prefeitura de Boa Vista informou que os terrenos próximo ao abrigo na Avenida Carlos Pereira de Melo são particulares, mas avisou que o Município tem feito a limpeza no entorno e tem evitado que se montem barracas. “O Exército Brasileiro também está trabalhando em um abrigo que deverá absorver as pessoas que estão em situação de rua”, frisou.

FORÇAS ARMADAS – A Força-Tarefa Logística Humanitária para o estado de Roraima reforçou que tem como missões principais a construção de abrigos para imigrantes em situação de vulnerabilidade e desassistidos, a manutenção e a melhoria de abrigos já existentes, o fornecimento de alimentação e visitas sanitárias de saúde aos abrigados, e o apoio de transporte quando da realização dos eventos de interiorização dessas pessoas. 

Por conta desta demanda, a Força-Tarefa ressaltou que atualmente estão sendo preparados dois abrigos em Boa Vista, no bairro Treze de Setembro, cada qual com capacidade estimada em receber até 500 pessoas. “Quando esses abrigos estiverem funcionando, ações organizadas para a retirada de pessoas das ruas serão implementadas. Visualiza-se que pessoas que se encontram nas imediações do abrigo Jardim Floresta também farão parte dessas ações, contribuindo para a melhoria do quadro geral da vizinhança”, informou o Governo Federal. 

A Força-Tarefa reforçou que a criação dos abrigos já está em andamento e que a previsão é que até o final do mês os locais já estejam aptos para recebimento de pessoas. “Pretendemos que estejam todos prontos no final de junho”, finalizou a nota. (P.C.)