Cotidiano

Índice de partos cesarianos em RR está abaixo da média nacional

Enquanto que a média nacional de partos cesarianos foi de 55,5% nos últimos dois anos, o Estado registrou 37% no mesmo período

Pela primeira vez, desde 2010, o número de cesarianas na rede pública e privada não cresceu no país. Em 2015, dos três milhões de partos realizados, 55,5% foram cesáreas e 44,5% partos normais. No Sistema Único de Saúde (SUS), 59,8% foram normais e 40,2% cesarianas. Por sua vez, o Estado de Roraima constatou uma média abaixo da nacional nos últimos dois anos, registrando 37% de partos cesarianos. As informações são do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), onde são feitos cerca de 90% dos partos no Estado.

Contudo, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) considera que o índice no Estado ainda é preocupante, tendo em vista que a prioridade deve ser o parto normal, exceto nos casos em que é preciso um cuidado diferenciado. A servidora de apoio técnico da Maternidade, Márcia Monteiro, explicou que as grávidas praticam exercício por meio de fisioterapia para ajudar no alívio da dor e contribuir para que o parto seja normal.

Os exercícios são feitos com bola suíça, cadeiras especiais e chuveiros com água morna. As gestantes também realizam caminhada no jardim que dá acesso aos quartos. “Se depois dessa série de exercícios não houver dilatação, encaminhamos ao centro cirúrgico”, frisou. Segundo a Sesau, a Maternidade segue os parâmetros do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para cesarianas, aprovado pelo Ministério da Saúde.

A medida visa auxiliar e orientar os profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias, uma vez que o procedimento, quando não é indicado corretamente, pode trazer riscos para as mães e bebês. Algumas das indicações consensuais para realizar a cesariana são os casos de prolapso do cordão umbilical, quando ocorre de o cordão surgir à frente da cabeça do bebê, e o descolamento da placenta ou placenta prévia.

REDUÇÃO – A redução dos partos cesáreos também é atribuída ao pré-natal. No Estado, o Núcleo de Ações Programáticas de Saúde da Mulher da Sesau realiza ações de fortalecimento da informação para a qualificação do acompanhamento. A gerente do Núcleo, Liduina Camêlo ressaltou que, para 2017 estão previstas qualificações nos componentes do pré-natal, parto e nascimento, que “contribuem significantemente para a mudança de tal quadro”, enfatizou. (A.G.G)

 “O pré-natal ajuda a identificar se a mulher precisa de cesárea ou não”, afirma médica

O acompanhamento mensal da gestante e do bebê junto ao médico é de suma importância para o desenvolvimento de uma gestação segura a ambos os lados. Segundo a médica especialista no Programa Saúde da Família, Maria Vaulium Brito, o pré-natal ainda vai ajudar a identificar se a mulher precisa de um parto cesárea ou não. Ela explicou que é feita uma comparação, em que são consideradas as vantagens e desvantagens.

Na cesárea, a primeira desvantagem é ter chance de complicações, como infecções, hemorragias e transtorno da anestesia. “Como a mulher vai estar com dor, a lactância materna pode ser inibida”, relatou. Em contrapartida, o tempo de recuperação com o parto normal é mais rápido, além de o perigo de infecção ser menor. O custo do parto normal também é menor.

Para a médica, o parto normal tem muitas vantagens sobre a cesárea, não descartado quando necessário, ou seja, quando a mulher apresenta complicações. “A gente olha a mulher desde o ponto de vista biológico ao psicossocial. Com o pré-natal, envolvemos e conscientizamos que o parto normal é a melhor opção. Do mesmo modo, se for identificado que é necessária a cesárea”, disse.

De acordo com Maria, há mais de duas mil grávidas sendo acompanhadas em Boa Vista. “Que as mulheres possam iniciar precocemente, que assistam todas as consultas, olhando o pré-natal como se fosse um marco na vida da família. Que seja algo feliz, com a participação dos familiares e médicos”, finalizou. (A.G.G)