Cotidiano

Indústrias de RR seguem cautelosas em relação aos rumos da economia

A confiança do empresário industrial roraimense nos quatro primeiros meses desse ano tem se mostrado cada vez mais ponderada em relação aos rumos da economia do País. É o que aponta o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação da Indústria do Estado de Roraima (Fier).

Conforme o levantamento, os números do ICEI não apresentam tantas diferenças entre os índices nacional e local, mostrando que, de alguma forma, a situação da economia roraimense ainda é confortável em relação a de outros estados.

No primeiro mês do ano, o índice local e nacional foi de 55,8 pontos, subindo em fevereiro para 60,5 na pontuação do Brasil e 60,3 em Roraima. Já no mês de março, tanto o ICEI nacional quanto o local apresentaram suas maiores elevações, indo para 67,8 e 65,7, respectivamente. Já no mês de abril, as pontuações caíram para 54,3 (nacional) e 54,8 (local).

Segundo a coordenadora técnica da Fier, Karen Telles, os números mostram que, apesar do otimismo, muitos empresários industriais roraimenses estão optando pela cautela, avaliando todas as situações para evitar prejuízos. “Do início do ano para cá, nós tivemos um período de extrema recessão, inclusive de demissões e de redução da produção em todo o país. Em Roraima, até o início do segundo trimestre, alguns dados já eram preocupantes. Nisso nós temos, por exemplo, alguns setores da indústria que estão com estoque acumulado, ou seja, que estão sem demanda de consumo. O resultado disso é que a indústria produz menos para que não tenha perdas. Quando isso ocorre, a tendência é reduzir o quadro [de pessoal]. Não acontece em todos os setores, mas em alguns deles isso está de forma bastante acentuada”, avaliou.

Entre as áreas que mais sentiram as mudanças da retração econômica está a de produção de cerâmicas, o que obrigou o setor a buscar alternativas para melhorar sua inserção no mercado. Por outro lado, a indústria alimentícia foi a que mais se fortaleceu em todo o Estado.

“Não só a produção de cerâmica sentiu os efeitos da retração da economia. O nosso setor madeireiro também foi outro atingido, mas este por conta da crise no seu principal comprador, a Venezuela. Isso fez com que esse setor reavaliasse suas estratégias, tanto que agora vem recuperando fôlego, exportando para a Holanda. Ou seja, encontrou alternativas de melhorar a inserção do seu produto no mercado. Já a indústria de alimentos foi a que mais cresceu, tanto que vemos uma participação maior de produtos fabricados em Roraima dentro de supermercados, estabelecimentos menores, como frutarias e mercantis, ou seja, está havendo uma incorporação maior da produção local”, destacou.

PIB – No início deste mês, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados relacionados ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Os dados apontam que neste primeiro trimestre o país cresceu 1,0% em relação ao último trimestre de 2016. Os destaques foram a agricultura (13,4%) e a Indústria (0,9%).

Já em Roraima, o último levantamento realizado pelo Instituto a constar oficialmente nos registros das organizações econômicas do país é de 2014. Nela, o PIB industrial roraimense é de R$ 1,0 bilhões, o que equivale a 0,1% da indústria nacional. Esse é considerado o menor PIB entre os estados, representando R$ 9,0 bilhões em valor adicional.

Já entre os setores mais participativos da economia local está o da Construção Civil, com 73,8%; Serviços Industriais de Utilidade Pública, com 11,8%; Alimentos, com 6,0%; Madeira, com 2,3%; e Minerais não Metálicos, com 1,5%.

Para a coordenadora técnica, o Estado tem forte potencial para se tornar um gigante econômico, podendo ter seus produtos exportados para fora do país. No entanto, seu desabrochar dependerá muito da reorganização da situação política, uma vez que o clima de incerteza gera insegurança jurídica para quem deseja prosperar.

“Infelizmente, essa é uma situação que só tende a melhorar após esse clima de incerteza política for resolvido. Até lá, é possível que essa situação de oscilação econômica, ocasionada pelos escândalos da política nacional ainda cause um efeito de temor entre investidores locais e de fora”, concluiu. (M.L)