Cotidiano

Insegurança e falta de infraestrutura no Distrito Industrial preocupam empresários

Mesmo localizadas próximo ao 5º Distrito Policial, fábricas são alvos de assaltos

Empresários que atuam no Distrito Industrial Aquilino Mota Duarte, na zona sul da Capital, reclamam da falta de assistência e desamparo por parte do poder público. De acordo com os empreendedores, o local sofre há anos com problemas de infraestrutura, drenagem, iluminação e pavimentação de ruas, segurança e falta de fiscalização de empresas irregulares.

Segundo um comerciante de cerâmica instalado há oito anos no Distrito Industrial, na época do período chuvoso, o acesso às empresas fica complicado e em alguns dias as ruas ficam intransitáveis por conta do acúmulo de lama. “Em um dia de muita chuva, a nossa secretária não conseguiu chegar a nossa empresa. Ela tentou fazer um desvio por outro lado e o carro atolou. Quer dizer, a pessoa quer vir trabalhar e não consegue”, informou uma empresária.

“O cliente não consegue nem chegar à nossa empresa”, reclamou outro proprietário. “Uma parte tem ruas asfaltadas, mas a maioria não tem. A gente questiona e nada é feito. A governadora Suely Campos prometeu, antes da campanha, fazer a restruturação do Distrito Industrial e nada foi realizado. A gente busca, vai atrás, conversa com os secretários e sempre o argumento é que não há orçamento disponível para contemplar os projetos”, disse.

Outro problema levantado pelos empresários é a insegurança, em especial, por conta da pouca iluminação no local. “Apesar de estarmos próximos a uma delegacia, o 5º Distrito Policial, já teve empresa aqui que foi assaltada à mão armada. Não tem polícia transitando e a maioria dos empresários sai daqui à noite, sete, oito, até dez da noite. Se quiser roubar, rouba. Não tem segurança”, afirmou um dos denunciantes.

Já o proprietário da empresa de cerâmica informou que nunca foi vítima de assaltos, mas acredita que isso ocorra por conta dos funcionários que trabalham no período noturno. “Nós nunca tivemos assaltos, mas recebemos visitas inesperadas no meio da noite, de pessoas agindo em atitude suspeita. Nós trabalhamos em sistema de plantão, então quando a pessoa vem cometer algum furto, se depara com o trabalhador daqui”, disse.

Os empresários criticaram ainda a falta de investimento nas indústrias. “O setor primário é uma mola propulsora para a economia do Estado, gera emprego. O trabalhador teria que ter no mínimo um bem-estar para cumprir a sua função e não tem”, complementou o denunciante. (P.C)

Fumaça de carvoarias prejudica moradores e trabalhadores do Distrito Industrial

Uma das principais reclamações dos empresários do Distrito Industrial é a atuação das empresas de carvão, que funcionam no local. Segundo os comerciantes, o acúmulo de fumaça gerado pelas empresas e pelas carvoarias torna a situação insustentável. “O pessoal que tem problema respiratório, que é colaborador, sofre com isso. Essas empresas estão instaladas no distrito próximo a um igarapé. Tem determinadas épocas que o Distrito Industrial, o bairro Raiar do Sol, Araceli ficam tomados de fumaça”, afirmou um administrador.

“Os trabalhadores reclamam bastante. Temos um grupo formado somente por gestores do Distrito e essa é uma reclamação de todos os colaboradores. A gente já entrou em contato com a Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan) e há anos eles vem dizendo que vão resolver e nunca resolvem”, complementou.

Segundo os empresários, existem muitas empresas irregulares no Distrito Industrial, que não têm uma estrutura mínima, não são fiscalizadas e acabam prejudicando as outras empresas, que trabalham de forma legal e pagam seus impostos. “Nada contra as pessoas, a gente entende que as pessoas precisam ter um sustento, melhores condições de trabalho, entende que as pessoas precisam trabalhar e ter um espaço legalizado também, que já foi prometido. O problema é o local, porque junta a fumaça das empresas que já atuam no Distrito com das carvoarias e fica impossível. A gente já ouviu dizer que iam levar as carvoarias para depois da área do lixão, que fica longe da cidade, para não atrapalhar. Mas só falam e nada fazem. Depois chegam aqui, fecham tudo e, um mês depois, já está tudo funcionando de novo”, ressaltou.

Um dos trabalhadores de uma das empresas do Distrito Industrial, morador do bairro Araceli, informou que a situação realmente é difícil para a população dos bairros. “De segunda a sábado, lá pelas seis e meia, sete horas da noite, eles ascendem a fogueira. A casa tem que ficar toda fechada esse horário”, reclamou. “Eu tenho que passar o dia todo aqui, trancada por conta da fumaça. Chega de noite, fica uma névoa branca aqui, quase não dá pra ver a rua”, complementou uma servidora. (P.C)

Governo do Estado e Prefeitura de Boa Vista divergem quanto a responsabilidade

Sobre os problemas enfrentados pelos empresários, trabalhadores e moradores do Distrito Industrial Aquilino Mota Duarte, a Prefeitura Municipal de Boa Vista informou à Folha que qualquer manutenção na área compete ao Governo do Estado. No entanto, em razão de um pedido da Federação das Indústrias de Roraima (FIER), o Município tem realizado a limpeza no local. “A Prefeitura também está programando a manutenção da iluminação e o serviço de tapa buracos”, acrescentou a nota.

Já o Governo do Estado informou que a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento vai enviar uma equipe de técnicos para averiguar a situação no Distrito Industrial para fazer levantamento da situação e traçar a melhor abordagem para solucionar o problema. Com relação às possíveis infrações contra o Meio Ambiente no perímetro da Capital, o Governo ressaltou apenas que “a competência pela fiscalização é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente”. (P.C)