Cotidiano

Instituições religiosas se unem em ação humanitária por imigrantes

Além das refeições, a Igreja também disponibilizou uma área anexa a Paróquia para abrigar aqueles que não conseguiram vagas em abrigos

Há cerca de um ano, a Paróquia da Igreja Nossa Senhora da Consolata, no bairro São Vicente, iniciou uma ação social com o objetivo fornecer refeições para dependentes químicos moradores de rua. No início, eram servidas 50 refeições por dia. Com o advento da imigração, a ação agigantou-se para também atender venezuelanos que vivem em situação de vulnerabilidade nas ruas da Capital.

Atualmente, com o apoio de instituições como a Federação Espírita, Igreja Betesda, Maçonaria e o Rotary Clube, são servidas, em média, 2000 refeições por dia. Além disso, um espaço anexo a Paróquia, serve de abrigo para cerca de 500 imigrantes, sendo 120 crianças. O pároco da Igreja, o padre Revislande dos Santos Araújo, informou que as instituições religiosas se reuniram com um único intuito: praticar o amor ao próximo, uma ordenança que todos têm em comum.

“O apoio destas entidades é muito importante. Apesar das diferenças e desavenças históricas, estamos todos reunidos nessa ação humanitária para proporcionar um pouco de dignidade a estes imigrantes que vivem em situação de vulnerabilidade. Em nenhum momento o objetivo é a religião, nosso alvo é o amor ao próximo”, declarou o padre.

Ele disse que ação passou a atender imigrantes quando muitos deles ocupavam a Rodoviária Internacional de Boa Vista. “Como somos a igreja mais próxima, eles passaram a nos procurar. O aumento foi gradativo, de 50 refeições passamos a servir 300, depois 500 e com o fechamento da Praça Simon Bolívar, que também fica nas proximidades, esse número subiu para 1500, em alguns dias chegando até 2000”, detalhou.

Além das refeições, a Igreja também disponibilizou uma área anexa a Paróquia para abrigar aqueles que não conseguiram vagas em abrigos. “Estruturamos o local com 16 banheiros e um espaço para que eles lavassem suas roupas. Hoje, neste espaço, vivem cerca de 500 venezuelanos, destes, 120 são crianças. Quem mora no local conta com três refeições ao dia. Para aqueles que moram fora, trabalham, mas ainda assim passam por necessidades, nós servimos apenas a janta”, pontuou.

O padre frisou que o trabalho só se mantém devido ao esforço coletivo de instituições religiosas que mesmo tendo desavenças se unem pelo bem comum. “A ajuda da Igreja Betesda e da Maçonaria são fundamentais. A cada dia um fica responsável pelas refeições. Nós praticamente não pegamos em dinheiro, pois quase tudo que chega são doações. Além destas, o Exército Brasileiro auxilia com a doação de carne para o preparo das refeições”, esclareceu.

ACNUR – Além do trabalho promovido pela Igreja Católica, a Paróquia cedeu parte de seu terreno, para um abrigo mantido pelo Exército Brasileiro em pareceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Neste espaço, atualmente, vivem 600 imigrantes.

Uma das imigrantes que vive neste abrigo, Josefa Cabezas, 53 anos, ressaltou a importância do trabalho. “Fugimos do nosso país para não passar fome. É muito bom poder contar com a ajuda dos brasileiros. Com o apoio daqueles que não nos discriminam e não nos generalizam devido ao comportamento de alguns”, declarou.