Polícia

Integrantes de facção trocam tiros com a PM e morrem

Dois suspeitos morreram e outros dois foram presos; Quadrilha era especializada em roubos e furtos de motos

Na noite da terça-feira, dia 10, e da madrugada de ontem, dia 11, a Polícia Militar (PM) iniciou uma operação no Município de Bonfim, a Leste do Estado, com o objetivo de combater os crimes de roubos e furtos de motocicletas praticados por uma quadrilha especializada em delitos dessa natureza. Depois de levantar informações e fazer um monitoramento de uma via alternativa, por onde os veículos são atravessados para o lado guianense da fronteira, os policiais avistaram quatro elementos em quatro motocicletas. Eles foram abordados, trocaram tiros com a polícia e dois deles morreram.

Segundo a polícia, os criminosos deixaram de usar a BR-401 como via de acesso à Guiana, para que não sejam interceptados na fronteira. Há algum tempo eles usam vias secundárias que levam à beira do Rio Tacutu e, muitas vezes, utilizam as comunidades indígenas para despistar a fiscalização.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Edison Prola, em coletiva de imprensa, realizada na tarde de ontem, no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar de Roraima deu detalhes sobre as ações e explicou que a PM tem trabalhado diariamente no combate às facções criminosas e que a operação contou com o trabalho do Departamento de Informação e Inteligência (DII) da PM, em parceria com a Divisão de Inteligência e Captura da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Dicap/Sejuc) e integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

“Nós monitorávamos uma quadrilha especializada no furto e roubo de motocicletas em Boa Vista. Esses indivíduos estavam roubando essas motos e levando para a Guiana. Então, nós conseguimos saber que teria uma ida deles para a Guiana, levando algumas motocicletas. Montamos o cerco e, na primeira vez, não conseguimos êxito. Numa segunda tentativa conseguimos localizá-los e houve um confronto entre os integrantes da quadrilha e os policiais”, explicou Prola.

O quarteto estava em posse de quatro motos, mas abandonaram os veículos depois de se depararem com as guarnições. Uma troca de tiros foi iniciada e Kelvin Patrick Pereira Lemos, de 19 anos, foi atingido pelos tiros e morreu ainda durante a noite. Os três sobreviventes entraram na mata, mas permaneceram cercados até o fim da madrugada. Amanhecendo o dia, eles foram localizados no mato e, em novo confronto, Wayllon Handryeo Cadete Queiroz, de 18 anos, também foi alvejado e morreu no local.

O local do tiroteio fica na região da Serra da Lua, onde há muitos caminhos alternativos que levam à beira do rio, onde a travessia das motos é feita em embarcações de porte médio. Os dois criminosos que sobreviveram ao confronto foram encaminhados à delegacia do município para que os procedimentos policiais fossem adotados. Três dos quatro suspeitos tinham passagem de polícia por tráfico de drogas.

“Os policiais foram recebidos a tiros pelos indivíduos e houve a injusta agressão, que foi repelida e os dois vieram a óbito. O resultado da operação foi a recuperação de quatro motos, dois revólveres calibre 38, com munições intactas e outras deflagradas, uma espingarda, dois presos e dois mortos. Esses indivíduos são ligados à facções. Eles trocavam essas motos na região da Guiana por drogas. A principal mola propulsora do crime é o tráfico de drogas. Mais uma vez estão de parabéns os policiais militares e integrantes da Dicap que conseguiram neutralizar essa quadrilha que tanto mal causa ao povo do nosso estado”, finalizou o comandante-geral. (J.B)

Comandante da PM cobra atenção
redobrada da polícia guianense

Durante a coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem, dia 11, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Edison Prola, afirmou que existe uma parceria com a polícia guianense, mas cobrou mais rigor nas ações de combate ao tráfico de drogas e trânsito de veículos brasileiros em condições ilegais dentro das cidades do país vizinho.

“É importante que haja uma ação da polícia guianense. Não adianta somente nós fazermos o trabalho aqui. A população roraimense vai todos os finais de semana à região de Lethem e lá se depara com motocicletas com placa brasileira. Se a polícia de Lethem não atuar firmemente, fica difícil”, reforçou Prola.

O comandante salientou que algumas vezes a Polícia Militar recebe as motocicletas apreendidas pela polícia guianense, de modo que há uma troca de informações, mas que é preciso agir com mais rigor tendo em vista o avanço dos crimes.

“É bom frisar que a questão da faixa de fronteira com a Guiana não se prende somente à ponte que liga os dois países. É uma questão comum em área indígena tanto na região de Normandia quanto no Bonfim, então, temos uma área muito extensa, com vários caminhos. Às vezes as pessoas acham que basta manter uma barreira na [BR]401 que vai pegar esses caras. Eles não passam pela 401 porque sabem que a polícia está lá. Então, eles utilizam as estradas secundárias. Quando o Rio Tacutu tá baixo há uma facilidade maior ainda de se fazer essa troca por droga na Guiana. Devemos agir fortemente de um lado e eles do outro”, acrescentou. (J.B)