Cotidiano

Irradiação nuclear será utilizada no combate à mosca da carambola em RR

Equipamento utiliza raios gama para esterilizar frutas, eliminando qualquer possibilidade de transmissão da praga

A Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), em parceria com órgãos federais, vai desenvolver um radiador capaz de esterilizar frutas e evitar a reprodução da mosca da carambola. O equipamento deverá ser implantado ainda este ano no Estado. A iniciativa surgiu por meio de uma parceria firmada, na quinta-feira passada, 09, entre a Aderr e técnicos do Ministério da Ciência e Tecnologia, doutores do Instituto de Pesquisas Nucleares (Ipen), do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) e cientistas de institutos de pesquisas nucleares.

O diretor de Defesa, Inspeção e Classificação Vegetal da Aderr, Luiz Cláudio Estrella, disse que uma das alternativas é utilizar o mecanismo, chamado Irradiador Gammacell – cobalto 60 para fazer a irradiação por meio de raios gama para esterilizar frutas. “É um processo seguro que mata todas as bactérias e fungos existentes na fruta, impossibilitando a transmissão da praga e deixando-a pronta para o consumo”, explicou.

Segundo ele, a tecnologia que será utilizada em Roraima já existe em outros países. “A esterilização das seringas descartáveis, por exemplo, é feita da mesma maneira, por meio de raios gama. No Havaí, por exemplo, existem estações de tratamento de frutas há muitos anos e toda a produção vai para o continente americano irradiada, livre de qualquer patógeno e sem problema algum”, comentou.

A tecnologia de irradiação, apesar de ser um investimento caro, operacionalmente é barata. “O equipamento permite tratar uma tonelada de frutos por um valor que pode variar de R$ 35,00 a R$ 50,00. É muito barato.

A vantagem é que não precisamos utilizar nenhum resíduo ou produto químico e, além disso, uma fruta sem patógenos tem uma durabilidade de prateleira muito maior, o que é uma vantagem para o mercado e também para o consumidor”, argumentou.

Em relação ao valor para implantação do equipamento, Estrella disse que é preciso fazer um projeto técnico para chegar a um valor final. “Iremos criar uma comissão, que vai atuar junto com a Comissão Nacional de Energia Nuclear, para conhecer as técnicas e fazer um projeto para viabilizar a instalação em Roraima, assim saberemos quais os equipamentos e depois colocar tudo em operação. Vale ressaltar que seremos apoiados financeiramente pela União”.

OUTRAS PRAGAS – Com a implantação de um reator nuclear, de acordo com Estrella, serão criados projetos auxiliares, pois a tecnologia permite fazer um combate biológico à mosca da carambola e também ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zica e Chikungunya.

“Os machos que são irradiados ficam esterilizados e não podem procriar. Isso faz com que a população da mosca da carambola diminua ou se extinga, assim como a do Aedes aegypti. Um dos benefícios é que não preciso utilizar inseticidas ou produtos químicos”, explicou. (B.B)

Regiões de fronteira preocupam Aderr

Conforme o diretor de Defesa, Inspeção e Classificação Vegetal da Aderr, Luiz Cláudio Estrella, a mosca da carambola está presente nos municípios de Bonfim e Normandia, ambos na região Leste do Estado, em Pacaraima, a Norte, e no Uiramutã, a Nordeste. 

“Estes locais são os mais problemáticos. Mas o problema não é só nosso, é também da Guiana e do Suriname. O trabalho de combate à mosca feito em Roraima está sendo feito de uma forma excepcional e está dando resultado, mas a praga retorna porque não foi erradicada nestes países”, afirmou.

A Aderr possui duas barreiras sanitárias funcionando 24 horas por dia: uma na BR-174, sentido Venezuela, região da Vila Três Corações, no Amajari, Norte do Estado; e outra em Bonfim, na BR-401, Leste do Estado, sentido Guiana.

Outras duas barreiras sanitárias funcionam no Jundiá, região Sul do Estado, perto da divisa com o Amazonas, e outra na balsa do Passarão, zona rural de Boa Vista, ao Norte da Capital, onde transitam automóveis que vêm da Guiana e da Venezuela. “São barreiras fitossanitárias criadas para inibir a vinda de frutos das regiões afetadas para Boa Vista, que está livre da praga, e para as outras regiões de Roraima, evitando a proliferação da praga”, destacou Luiz Cláudio Estrella. (B.B)