Cotidiano

Ladrão leva porta da Casa do Estudante e moradores improvisam com tapume

Secretaria de Educação alega limitações orçamentárias e necessidade de recursos para revitalizar a unidade

A Casa do Estudante em Roraima, localizada no bairro Asa Branca, zona Oeste da Capital, atualmente abriga mais de 20 alunos de outros municípios e até de outros estados, que vieram a Boa Vista para fazer cursos técnicos e de ensino superior. O prédio público é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação (Seed), no entanto, os moradores do espaço revelam que recebem pouca ajuda da administração estadual e têm que improvisar para manter a segurança na Casa.

Conforme um dos estudantes, que cursa Odontologia na Capital, os moradores precisam improvisar para se manterem seguros, considerando que a casa é ocupada somente pelos alunos e não conta com vigia. Para auxiliar, pedaços de madeiras e tábuas são colocados em portas e janelas para evitar a entrada de pessoas com más intenções e diminuir os riscos de roubos e furtos.

“A gente improvisa. Por exemplo, entrou um assaltante aqui no início do ano e, no momento da fuga, ele se jogou contra a porta. A gente estava estudando na biblioteca e um colega subiu as escadas para ir ao banheiro, quando viu um cara saindo de um dos quartos com um notebook. Primeiro, ele ficou sem reação, aí ele gritou, o cara deixou o notebook cair no chão e trincou a tela. Depois o ladrão correu e acabou levando a porta que tava trancada, foi embora com uma porta. Foi engraçado, se não fosse trágico”, afirmou um dos estudantes.

Outra situação apontada pelos moradores foi de se mesclarem nos espaços disponibilizados. Na área da Casa do Estudante são dois prédios, cada um com 14 quartos, sendo um somente para mulheres e outro para homens. Porém, os acadêmicos decidiram dividir os locais igualmente entre si, para aumentar a segurança. “A gente misturou, para que as mulheres se sintam mais seguras também. Agora todos estão morando na mesma casa, só que em quartos diferentes”, informou.

ADMINISTRAÇÃO PRÓPRIA – Um dos estudantes, que preferiu não ser identificado, disse à Folha que até o momento os alunos não pagam conta de energia e água, mas que são responsáveis pelo cuidado com a Casa do Estudante. Recentemente, os moradores ganharam tintas e pintaram as paredes do local.

“Na verdade, a gente se mantém com o básico. Por enquanto a gente não paga água nem luz, mas o restante é com a gente. Nesse último mês, nós capinamos toda a área. A gente tem uma coordenação interna, dos próprios moradores, que ajuda nesse trabalho em equipe”, afirmou. “A ajuda que nós temos são dos nossos familiares. Tem algumas pessoas que fazem curso integral e não têm condições de trabalhar. Então a família manda dinheiro”, informou.

ESTADO – Em nota, o Governo do Estado afirmou que “está fazendo gradativamente os devidos reparos nas unidades de atendimento a estudantes, conforme prioridades e cumprimento de Termos de Ajustamento de Conduta, assinados e não efetivados pelas gestões anteriores”.

Porém, em relação à Casa do Estudante, reforçou que “a Seed tem limitações orçamentárias e precisa alocar recursos para revitalizar a unidade, que, há pelo menos uma década, não recebe serviços de reforma”. O Governo não deu maiores detalhes se planeja realizar uma reforma no local em breve. Em relação aos estudantes que moram no local, o Governo do Estado informou que as inclusões não ocorreram na atual gestão.

A Folha também questionou se a administração estadual faz algum tipo de acompanhamento de prevenção de furtos próximo à Casa do Estudante, por exemplo, com a atuação do Ronda no Bairro. A reportagem foi informada que o programa da Polícia Militar foi reformulado por meio de decreto e que atualmente uma guarnição fica responsável por, no máximo, três bairros e que a equipe faz atendimento especial quando há demandas específicas dentro de um setor. “Essa demanda é identificada nas estatísticas ou por solicitação da população. Quando isso ocorre, a situação é estudada, a fim de que haja definição da melhor prática para minimizar os problemas de segurança pública que cada localidade tem”, finalizou. (P.C.)