Polícia

Líder de massacre no AM é preso no Baixo Rio Branco

Na madrugada de ontem, dia 7, o foragido José de Arimatéia Façanha do Nascimento, vulgo “Ari”, de 33 anos, chegou a Boa Vista, depois de ter sido preso e transportado da Comunidade ribeirinha de Itaquera, no Baixo Rio Branco, até a sede do município de Caracaraí, onde viaturas já aguardavam a sua chegada. Segundo a Polícia Militar, ele é membro do alto escalão de uma facção criminosa e um dos líderes da chacina no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no estado do Amazonas, onde 56 presos foram mortos.

Considerado um criminoso de alta periculosidade, José Arimatéia fugiu do presídio no dia 1o de janeiro de 2017, acompanhado por mais 118 presos. De acordo com a Polícia Militar, Ari é braço direito da Família do Norte (FDN), sendo primo de “Zé Roberto”, o fundador da organização criminosa. Ele cumpria pena após sentença condenatória de mais de 45 anos de reclusão pela prática do crime de latrocínio, quando matou um empresário em Manaus para roubar a quantia de R$ 400 mil.

Além disso, pesa contra ele mais dois mandados de prisão, um por homicídio e outro por roubo. Para dar cumprimento aos mandados, os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar e agentes da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap), da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), seguiram para realizar a operação de recaptura no Baixo Rio Branco. Depois de receberem a informação e confirmarem que o indivíduo se escondia naquela região, os policiais fizeram um planejamento para executar a ação. Eles viajaram para a localidade no dia 1o deste mês e conseguiram prender “Ari” na sexta-feira, dia 4.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Edison Prola, acompanhado do secretário de Justiça e Cidadania, coronel Paulo Roberto Macedo, convocaram a imprensa, na manhã de ontem para uma coletiva, a fim de tratar da prisão.

“Nós, através de uma atividade de inteligência, juntamente com a Polícia do Estado do Amazonas, recebemos a informação de que ele se encontrava escondido na Vila de Itaquera, então nós montamos uma operação sigilosa, com duas equipes: Bope e Dicap. Mandamos dez homens para lá. Foram de ‘voadeiras’ até a região. Chegaram à Santa Maria do Boiaçu e de lá foram até a Vila de Itaquera. Chegando lá, tiveram que dormir na mata antes de fazer a abordagem ao indivíduo para que pudéssemos fazer a abordagem logo no início da manhã. Durante a abordagem ele ainda tentou fugir, mas as equipes conseguiram abordá-lo e trazê-lo”, relatou Prola.

Como o meio de transporte usado era uma embarcação, os policiais demoraram dois dias para chegar à sede de Caracaraí. “Vieram de ‘voadeira’ trazendo o indivíduo até Santa Maria e chegaram de barco até Caracaraí, depois vindo para Boa Vista. Na volta, os motores dos barcos quebraram e teve uma série de situações, por isso eu quero parabenizar os policiais e os agentes da Dicap porque, mesmo com a situação adversa e trazendo um preso perigoso como Ari, conseguiram chegar à Santa Maria e depois Caracaraí e Boa Vista”, ressaltou o comandante-geral da PM.

Os policiais apuraram que, enquanto esteve na comunidade, José Arimatéia era um dos cabeças do tráfico internacional de drogas, uma vez que as investigações apontam que ele recebia o material entorpecente vindo da Colômbia, entrando no Brasil pelos rios fronteiriços, na área da “Cabeça do cachorro”, a noroeste do Amazonas, desembarcando em Manaus depois da supervisão do foragido.

“Ele é um braço direito do líder da facção no Estado do Amazonas. Ele também é responsável pelo tráfico internacional de drogas no Amazonas. É uma prisão que repercute bastante, é um baque na facção criminosa do Amazonas. Essa luta é incessante no combate às facções. Eu acho uma grande vitória para as forças policiais do Estado de Roraima e do Estado do Amazonas”, concluiu o comandante-geral.

O homem se escondia na vila porque alguns parentes vivem na região. O local é uma das menores vilas do Baixo Rio Branco. Segundo a Polícia, ainda ontem José Arimatéia foi conduzido com escolta policial do Amazonas para a cidade de Manaus, para que seja reinserido novamente ao Sistema Prisional.

Em entrevista à Folha, José Arimatéia confessou que é integrante da FDN, mas não quis falar sobre os crimes praticados. (J.B)