Cotidiano

Livro feito por alunos de escola estadual relata vida de migrantes em Roraima

As histórias de 15 pessoas - migrantes e imigrantes - são contadas em livro financiado com verba pública

Roraima vive nos últimos dois anos com um fluxo imigratório constante, devido à crise econômica e humanitária vivida na Venezuela. Todos os dias, centenas de venezuelanos cruzam a fronteira em Pacaraima, município limítrofe com o país vizinho ao norte do Estado, atrás de oportunidades de vida.

Toda essa situação levou a professora de História, da Escola Estadual Tancredo Neves, Rutimara Florêncio, a elaborar junto aos alunos do 3º ano do Ensino Médio um projeto com relatos de migrantes e imigrantes que escolheram Roraima, entre as décadas de 1980 e 2000, para estabelecer suas vidas. O trabalho resultou em um livro com relatos de 15 pessoas, oriundas de diferentes partes do Brasil e da América Latina, lançado neste domingo, dia 20, na livraria Nobel, no Roraima Garden Shopping.

Segundo Rutimara, o projeto foi idealizado no ano de 2016. “Na verdade esse foi um trabalho pedagógico da disciplina de História, que durou o ano letivo inteiro. Nós finalizamos com essas narrativas literárias, que debati com eles, organizei, corrigi e compilei neste livro”, explicou.

Os alunos fizeram a pesquisa por meio da história oral. “Eles aprenderam a utilizar essa metodologia. Esse livro acontece em um momento oportuno, em que passamos por um período parecido, porém desta vez de imigração, com muitos venezuelanos vindo para Roraima”, disse.

Na obra, os alunos contextualizaram o presente, buscaram aqueles migrantes que já se consolidaram e construíram uma vida em Roraima e também relataram a atual situação. Os personagens estão em Roraima há pelo menos 15 anos e aceitaram, por escrito, ceder seus nomes, histórias de vida e motivações para a vinda ao Estado.

Ela afirmou ainda que é importante salientar que a obra não será comercializada, pois foi financiada com dinheiro público, por meio do Programa Ensino Médio Inovador, do Governo Federal. “É uma verba destinada às escolas, que é utilizada mediante a apresentação de projeto e a nossa ideia foi aprovada”, disse.

Ao todo, foram impressas 100 cópias. Cada aluno ganhou uma cópia e cada personagem do livro também. As demais cópias serão distribuídas em escolas públicas. “Por se tratar de um assunto relevante e atual, nós também iremos disponibilizar o livro em versão digital. Ainda não definimos de que forma será disponibilizado, mas quem tiver interesse pode procurar a Escola Tancredo Neves”, afirmou a professora.

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