Cotidiano

Maioria dos bairros de Boa Vista está com alto índice de infestação

Boa-vistense precisa redobrar a preocupação com a limpeza dos terrenos, para evitar que o Estado volte a ser vítima de uma epidemia, como ocorreu em 2017

Trinta e quatro dos 53 bairros de Boa Vista apresentam alto índice de infestação do mosquito Aedes aegypti, que transmite doenças como dengue, zika e chikungunya, segundo o Levantamento de índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado nesta semana. A apuração dos dados ocorreu no período de 4 a 8 de junho.

Dentre os bairros analisados, o Santa Luzia é o que apresenta a maior infestação do mosquito no levantamento, seguido por Distrito Industrial, Canarinho, Nova Cidade, Bela Vista, Nova Canaã, Treze de Setembro, Sílvio Botelho e Cambará. O Bairro dos Estados fecha como o décimo com mais focos do Aedes aegypti na Capital. Localidades populosas, como o Centro, Pintolândia, Cinturão Verde, Raiar do Sol, Aparecida e Caranã também estão no grupo de alto risco.

De acordo com a Gerente do Núcleo de Febre Amarela, Dengue, Zika e Chikungunya da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde, Vanessa Barros, esses dados reafirmam as preocupações que o boa-vistense precisa ter nessa época do ano, para evitar que o Estado volte a ser vítima de uma epidemia, como ocorreu em 2017.

“As pessoas podem até ficar saturadas de ouvir essas dicas, mas é preciso que elas saibam como se prevenir, evitando água parada em recipientes diversos, seja suja ou limpa e mantendo o lixo sempre tampado ou amarrado de forma que não haja penetração do mosquito. O roraimense precisa redobrar a atenção nessa época do ano, pois notificações da doença já estão começando a aumentar e, na falta de cuidados, pode resultar numa nova epidemia”, explicou.

Sobre atitudes por parte do órgão estadual de Vigilância em Saúde perante essa situação, Vanessa comentou que o colhimento de dados dos bairros servirá como base para o fornecimento de fumacê, que terá como prioridade os bairros com maiores riscos de epidemia. “Foi adotando essa estratégia que conseguimos fazer o número de casos do ano passado não ser maior do que foi. Até alguns meses atrás, estávamos vivendo uma situação mais calma. Mas, com a quantidade de chuvas que está caindo, não é mais possível controlar onde estão os pontos de foco, pois eles estão surgindo em toda partes, todos os dias. Por isso, o apoio da população é fundamental”, ressaltou.

E como se não bastasse a dificuldade em relação aos pontos que surgem todos os dias, Vanessa Barros ainda comentou que o combate ao mosquito nunca terá um fim efetivo, uma vez que ele está sempre se desenvolvendo a cada ciclo de vida, criando resistência. “Ultimamente, encontramos focos de proliferação até em fossas. Antes, o mosquito só gostava de procriar em água limpa. Mas como o desenvolvimento da espécie é rápido, ela ganhou resistência e já nem se preocupa com a qualidade da água. Além disso, precisamos estar sempre atualizando nossos venenos, pois o Aedes aegypti sempre acaba ganhando resistência a ele depois de um tempo”, disse.

DEMAIS BAIRROS – Treze bairros apresentam risco médio de contaminação da doença, como é o caso do Laura Moreira, Caimbé, Tancredo Neves, Trinta e Um de Março, Cidade Satélite, Pricumã, Jóquei Clube, Jardim Caranã, Asa Branca, Jardim Floresta, Bairro União, Aeroporto e Jardim Primavera.

Somente seis bairros foram considerados como de baixo risco de contaminação, mas ainda com necessidade de manter o alerta para que não haja futuros riscos: Cauamé, Paraviana, Jardim Olímpico, Monte das Oliveiras, Piscicultura e Caçari.

“Quem mora em bairros de baixo risco poderá vir a relaxar e baixar a guarda se olhar para sua casa como ‘livre’ do mosquito. Mas é preciso reforçar que ninguém está isento de pegar a doença, independente do lugar. Eu diria que a atenção tem que continuar, para que esses bairros não se tornem parte do risco que os outros 34 representam”, salientou. (P.B)