Cotidiano

Mais de 2.800 casos da doença foram confirmados só neste ano

Número de casos em Boa Vista em 2017 até agora é 11 vezes maior do que em todo o ano passado

Em pouco menos de oito meses, 2.859 pessoas foram diagnosticadas como portadoras do vírus Chikungunya, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, segundo a Coordenadoria Geral de Vigilância de Saúde de Roraima. Destes casos, 2.680 foram contraídos em Boa Vista. Em 2016, o número de casos diagnosticados ao longo de todo o ano foi de 245.

Ao longo de 2017, os casos de Chikungunya diagnosticados na cidade cresceram de forma exponencial. Em janeiro, foram 27 casos confirmados. Em maio foram 487, e em julho, foram mais de 900.

Segundo a gerente do Núcleo de Controle de Febre Amarela e Dengue da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Ana Paula Guth, de 1º a 22 de agosto, foi realizada uma ação de pulverização de inseticidas (fumacê) em todos os bairros de Boa Vista, como forma de controlar o surto de casos na cidade. A ação já mostrou resultado positivo e, até o momento, 96 casos de chikungunya foram confirmados em agosto, número bem menor do que o registrado no mês anterior.

Entretanto, conforme Ana Paula, é preciso alertar a população quanto a ilusão de que os fumacês são a solução para problemas relacionados a proliferação de mosquitos Aedes aegypti. “Primeiramente, o mosquito ganha resistência aos inseticidas jogados após alguns anos, não importando o quanto os fumacês despejem veneno. Se há criadouros de mosquitos na localidade despejada, o Aedes aegypti irá se proliferar novamente uma hora ou outra. Em segundo lugar, os venenos não afetam apenas os mosquitos, mas em alguns casos podem causar a morte de outros insetos, desequilibrando toda uma fauna do ambiente, e como consequência, prejudicando o meio ambiente”, comentou.

Quanto a uma solução definitiva, Ana Paula apontou que a única solução para combater o mosquito de forma definitiva é o apoio por parte da população na eliminação de locais com água parada, da mesma forma como se combate a dengue e o zika vírus.

A DOENÇA – O termo chikungunya significa “aqueles que se dobram” em swahili, um dos idiomas da Tanzânia. Refere-se à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos na primeira epidemia documentada, na Tanzânia, localizada no Leste da África, em 1952 e 1953.

A chikungunya possui sintomas similares aos apresentados em casos de dengue e zika. Entretanto, uma das principais peculiaridades deste vírus está na presença de dor nas articulações, como nas dobraduras de ombros e joelhos, provocando inchaços. Além disso, o vírus também é caracterizado pela febre acima de 39 graus, de início repentino, coceira, vômito e intensa dor nos músculos. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas.

Até o momento não existe um tratamento específico para chikungunya, como no caso da dengue. Os sintomas são tratados com medicação para a febre (paracetamol) e as dores articulares (anti-inflamatórios). Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia. É importante que no caso de suspeita de qualquer tipo de dengue um médico seja consultado em hospital ou posto de saúde. (P.B)