Cotidiano

Mais de 50 doenças podem ser detectadas com a realização do teste do pezinho

Vital para a saúde de recém-nascidos, o teste deve ser realizado entre o terceiro e quinto dia de vida

Junho é marcado em todo o País como o mês de conscientização para o Teste do Pezinho, exame responsável por diagnosticar doenças que podem ser tratadas de maneira rápida, minimizando os efeitos graves na saúde do bebê. Oferecido gratuitamente no Serviço Único de Saúde (SUS), o teste pode ser feito em maternidades e postos de saúde, devendo os pais realizá-lo entre o terceiro ao quinto dia de vida do bebê.

Com apenas algumas gotas de sangue extraídas diretamente do calcanhar, esse tipo de exame é capaz de detectar de até 50 doenças que podem comprometer o desenvolvimento físico, motor e neurológico do recém-nascido. “O teste de triagem neonatal, popularmente conhecido como Teste do Pezinho, é um exame de fundamental importância nos primeiros dias de vida do bebê, porque é justamente ele que detecta várias doenças, permitindo o tratamento precoce da doença, antes mesmo da manifestação de sintomas”, destacou a médica geneticista e presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Carolina Fischinger.

Em Roraima, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), de 1º de janeiro até a última sexta-feira, 23, foram realizados 2.254 testes no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth, localizado no bairro São Francisco, zona oeste, quase a metade do que foi registrado durante todo o ano de 2016, que contabilizou 4.692 exames.

Conforme a Prefeitura de Boa Vista, na capital, foram realizados 6.122 testes do pezinho em recém-nascidos no ano passado. Deste número, 2.864 foram realizados ainda na primeira semana de vida do bebê, conforme orientação do Ministério da Saúde. Já os 3.143 testes restantes foram consumados entre o oitavo e trigésimo dia de vida da criança.

“Através do teste do pezinho é possível identificar precocemente doenças como hipotireoidismo congênito, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita, entre outras. Por esse motivo, é importante que os pais procurem uma unidade básica mais próxima para realizar o teste no bebê recém-nascido na primeira semana de vida”, destacou a Prefeitura. (M.L)
 
Diagnóstico precoce de fenilcetonúria pode dar qualidade de vida ao paciente

Entre as doenças mais comuns detectadas pelo teste do pezinho está a Fenilcetonúria (PKU), uma mutação genética causada pela diminuição da atividade de uma enzima do fígado, chamada Fenilalanina hidroxilase, levando ao acúmulo do aminoácido fenilalanina, “Quando há um acúmulo muito acentuado de felionamina, progressivamente, ela vai causando problemas na saúde do bebê como, por exemplo, retardo mental, crises de convulsão e até grave comprometimento do sistema neurológico. Infelizmente é uma doença que vai acompanhar o paciente para a vida toda, mas que, se detectado precocemente, pode ser tratada”, disse a médica geneticista Carolina Fischinger.

No País, de acordo com a especialista, a incidência da PKU é bastante rara, atingindo em média 15 a 25 mil brasileiros, com incidência maior em habitantes da Região Sul. “A frequência da felilcetonúria na Região Sul do país é de um entre 15 mil nascidos vivos, enquanto na Região Norte é um pouco menos que isso, justamente por causa da etnia. Como há na Região Sul a predominância de pessoas de descendência europeia, a PKU em bebês é um pouco maior que em regiões como o Norte e Nordeste”, frisou.

Ainda de acordo com Carolina, o tratamento da fenilcetonúria é feito com o uso de uma dieta especial que controla a ingestão de fenilalanina. O procedimento regula a ingestão de alguns alimentos, além de excluir todos os produtos ricos em proteínas do hábito alimentar do paciente. “O paciente faz essa dieta, que é como se fosse uma dieta vegetariana, mas tirando leite, ovos e derivados de proteína de origem animal. O tratamento é individualizado, ou seja, cada paciente tem uma orientação diferente e isso deve ser seguido sempre”, salientou.

Apesar de rara, a PKU é encarada com muita seriedade pelos médicos, justamente pelos sintomas serem agressivos quando tardiamente detectados. Levando em consideração a questão, muitos países adotaram o 28 de Junho como o Dia Internacional de Conscientização da doença. “Hoje a fenilcetonúria é diagnosticada pelo teste do pezinho. Então, as pessoas devem fazer a coleta desse exame entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê, porque se o for detectada essa alteração precocemente, o paciente não terá problemas graves de desenvolvimento”, pontuou. (M.L)