Cotidiano

Mais uma brasileira morre após cirurgia plástica na Venezuela

Mesmo diante de inúmeras denúncias quanto aos riscos de se fazer procedimentos estéticos no país vizinho, casos continuam ocorrendo

Uma amazonense foi mais uma vítima de cirurgias plásticas realizadas na Venezuela. Ela morreu na noite de quarta-feira, 13, na cidade de Puerto Ordaz, Estado de Bolívar, após complicações decorrentes do procedimento.

A cirurgia, segundo os familiares de Orquídea Catão Ponds, de 45 anos, foi realizada pelo médico oncologista, que não teria especialização para este tipo de procedimento. O médico é o mesmo que, no ano passado, realizou procedimentos estéticos em outras duas brasileiras, sendo uma roraimense e outra paraense. Ambas também morreram após as cirurgias.

A reportagem da Folha entrou em contato com uma das irmãs de Orquídea, que trabalhava como técnica em laboratório em Manaus, que confirmou o caso. “Minha irmã foi fazer uma lipoaspiração. Ela já tinha feito uma abdominoplastia há alguns meses com o mesmo médico e voltou para fazer a correção, porque não tinha ficado bom”, disse Silvia Ponds.

No momento da cirurgia, no entanto, a vítima teria tido uma hemorragia e acabou sofrendo uma parada cardíaca. “O médico disse para minha outra irmã, que acompanhou a Orquídea, que ela estava sangrando muito e interrompeu a cirurgia. Fizeram várias tentativas de reanimá-la após as paradas cardíacas e até conseguiram, mas não tinha sangue para repor na clínica”, contou a irmã.

Após a confirmação da morte, o corpo da amazonense teria sido levado a uma funerária local. “O que minha irmã falou foi que ele [médico] levou para a funerária e que faria o translado até Pacaraima. De lá a família teria que ficar responsável pelo translado até Manaus”, relatou.

Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) apontam crescente número de mortes em decorrência de cirurgias plásticas na Venezuela. Somente no ano passado, 13 mulheres perderam a vida após os procedimentos estéticos. O valor “mais em conta” em comparação aos realizados no Brasil é o principal atrativo para as mulheres brasileiras.

ALERTA – A busca por um corpo perfeito e preços atrativos continuam a levar inúmeras mulheres a procurarem as cirurgias plásticas estéticas, na Venezuela.

Segundo a presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR), Blenda Avelino Garcia, as mulheres continuam retornando com sequelas irreversíveis, infecção grave, abertura nos pontos, necroses e rejeição das próteses. Mesmo com tantas notícias de mortes e sequelas ainda muitas vão pra Venezuela.

“O CRM-RR continua alertando a população para que não realize cirurgias plásticas em outro país, por não terem garantia quanto à qualidade, procedência e controle das próteses e outros materiais usados. Além disso, é necessário que a paciente que vai se submeter a qualquer procedimento médico conheça a qualificação do profissional responsável, o que é quase impossível, em se tratando de profissionais de outros países”, disse.

A médica ressaltou que os Conselhos de Medicina do Brasil não têm nenhum poder para punir administrativamente profissionais que não tenham registro no Brasil. “Queremos alertar aos pacientes, em particular as mulheres, que tenham muito cuidado ao viajaram para Venezuela, ou qualquer outro país, a fim de realizarem cirurgias plásticas. O indicado é que realizem aqui mesmo no Brasil, que procurem um médico especialista e de qualificação reconhecida. Pois, se houver qualquer intercorrência o próprio médico que realizou o procedimento poderá corrigir em tempo hábil, evitando assim, sequelas irreversíveis. O barato pode custar caro”, disse Blenda Avelino Garcia.

RECORRENTE – No ano passado, a Folha já havia denunciado, com exclusividade, casos recorrentes de brasileiras que morreram durante procedimentos estéticos realizados no país vizinho. (L.G.C)

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