Cotidiano

Maritacas se abrigam no Centro Cívico

Biólogo ouvido pela Folha ressalta que os invasores do espaço não são as aves, mas sim os humanos

Quem passa pela Praça do Centro Cívico no final da tarde, pode ouvir um barulho estridente. São as maritacas. Semelhantes ao periquito, elas ocupam as copas das árvores em frente à agência central dos Correios e da Assembleia Legislativa de Roraima. Os que prestam mais atenção podem ver nos galhos mais altos, os pequenos pássaros nas cores verde e amarela.

Muitos questionam: por que as aves ocupam um espaço urbano? Consultado pela Folha, o biólogo com especialização em ornitologia, André Furiati, afirmou que os invasores do espaço não são as aves, mas os humanos.

“Toda área urbana um dia foi apenas natureza e habitat natural de diversas espécies, entre elas as aves. Os pássaros estão onde sempre estiveram. Nós que fizemos alterações no ambiente em que eles vivem”, explicou.

O biólogo informou que esse comportamento dos pássaros é típico do período chuvoso. “Eles procuram as árvores com mais folhas e galhos para fazerem os seus ninhos e se protegerem das chuvas. O que acontece neste ambiente é exatamente isso. Eles podem fazer ninhos nestas localidades no decorrer do ano, mas em grandes quantidades é mais comum nesse período”, detalhou Furiati.

Outro biólogo consultado pela Folha, Ricardo Dantas, afirmou que os pássaros indicam alguma mudança ambiental, principalmente climática. “Quando os pássaros começam a migrar, sair de um local para outro, é porque as temperaturas caíram. Antigamente eles eram o parâmetro para detectar os primeiros indícios de mudanças climáticas”, explicou.

Outro fator apontado por Dantas como motivo para migração de pássaros é a intervenção humana no habitat natural deles. “Como os pássaros são muito sensíveis a mudanças ambientais em um ecossistema, se existir um desmatamento grande eles são os primeiros a sentir de forma abrupta. A consequência é o desaparecimento total de determinada espécie, ou a migração pra outras regiões. Isso depende se essas aves são generalistas, ou seja, se adaptam a um novo ambiente, ou se são específicas no sentido de alimentação, o que pode resultar na extinção”, pontuou.

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