Cotidiano

Mecanismo de irradiação poderá ser usado para combater pragas

O processo de irradiação de frutos da mosca da carambola não causa problema para o consumo humano

Na manhã de ontem, 20, representantes de órgão estaduais se reuniram com a representante do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Eliana Nicolini, que apresentou alternativas para o Estado no combate à mosca da carambola e ao Aedesaegypti, mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika.

Na reunião, estavam presentes representantes da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan), da Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), da Embrapa, do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), do Instituto de Amparo à Ciência, Tecnologia e Inovação (Iacti), além de representantes da Universidade Federal (UFRR) e da Universidade Estadual (UERR). A vinda da coordenadora do STM foi solicitada pelo senador licenciado Telmário Mota (PDT).

Uma das alternativas apresentadas por Eliana foi um mecanismo chamado Irradiador Gammacell – cobalto 60, que usa irradiação por meio de raios gama para esterilizar os insetos. Conforme o diretor de Defesa em Inspeção e Classificação Vegetal da Aderr, Luiz Cláudio Estrella, o processo de irradiação de frutos da mosca da carambola mata todo o organismo vivo dentro das frutas e não causa problema para o consumo humano.

“Além de aumentar o tempo perecível da fruta, é um procedimento que dá segurança para que a população possa comê-la. Isso também permitirá que os produtos sejam importados para outras regiões do País ou para o exterior, beneficiando a economia do Estado”, comentou.

Segundo Estrella, é um projeto que deverá ser realizado em longo prazo. “Quando trabalhamos com energia nuclear, precisamos realizar uma série de protocolos e processos de segurança, além de ser necessário ter instalações adequadas. Então não temos uma data exata, sobretudo, é uma abertura para o desenvolvimento da tecnologia”, destacou.

A tecnologia também permite fazer um combate biológico à mosca e ao mosquito. “Os machos que são irradiados ficam esterilizados e não podem procriar. Isso faz com que a população da mosca da carambola diminua ou se extinga, assim como a do Aedes aegypti. No caso do mosquito, o estudo ainda precisa de uma certificação de eficiência, que está sendo trabalhada no Brasil”, disse.

Atualmente o Estado está desenvolvendo um projeto, com os órgãos participantes, no sentido de preparar os servidores de acordo com os estudos da Agência Nacional de Energia Nuclear. “Assim poderemos implantar um destes sistemas em Roraima, que será ampliado para outros estados do Brasil, como o Amapá, que enfrenta os mesmos problemas. É uma tecnologia conhecida internacionalmente que pretendemos colocar em prática nos próximos anos”, concluiu. (B.B)

Praga gera prejuízo de R$ 20 milhões para Roraima

O diretor de Defesa em Inspeção e Classificação Vegetal da Aderr, Luiz Cláudio Estrella, informou que a mosca da carambola gera uma perda econômica significativa para o Estado. “Temos uma área plantada de 205 hectares, que se estivesse produzindo em sua plenitude produziria cerca de 10 mil toneladas de frutas, o que representaria uma receita de R$ 20 milhões”, afirmou.

Em Roraima, a exportação das frutas afetadas pela mosca está proibida desde 2011. “Além de ser ruim para o Estado, é algo ainda pior para os produtores rurais, que estão todos estes anos sem produzir”, comentou. “Por outro lado, estamos às vésperas de receber uma instrução normativa do Ministério da Agricultura, condicionada a uma série de requisitos, para fazer a liberação das áreas de produção. A instrução está sendo elaborada em Brasília e estamos aguardando a sua conclusão para que possamos agir e trabalhar”, ressaltou Estrella. (B.B)