Cotidiano

Ministério da Saúde decide fechar unidades da Farmácia Popular

O Ministério da Saúde anunciou mudanças na forma de repasse de verba para a compra de remédios e o fechamento das redes próprias da Farmácia Popular mantidas pelo Governo Federal. Cada munícipio pode optar pela manutenção dessas unidades, mas terão que arcar com os custos. A Prefeitura Municipal de Boa Vista afirma que isso deve inviabilizar a continuidade dos serviços na Capital.

O principal objetivo dessas alterações é investir 100% da verba na compra de medicamentos, uma vez que, de R$ 100 milhões recebidos por ano, 80% são destinados a pagamento de alugueis e salários dos funcionários. Para isso, as unidades de Rede Própria do Programa Farmácia Popular do Brasil serão desativadas. O resultado imediato dessas mudanças, de acordo com o Ministério, é de que o valor repassado para os estados passará de R$ 5,10 para R$ 5,58 por habitante.

Os medicamentos passarão a ser distribuídos nas unidades básicas de saúde e nas farmácias credenciadas no Programa Aqui Tem Farmácia Popular. Ainda segundo o Ministério, o programa cobre 80% do país. São 34.910 farmácias cadastradas e 42 produtos oferecidos, desse total, 26 são disponibilizados gratuitamente e os demais têm desconto de até 90%. Atualmente, 4.481 munícipios dispõem do serviço da Farmácia Popular e, com a nova medida, a expectativa é que novas cidades sejam incluídas no projeto.

PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista já foi informada sobre o fim do repasse de manutenção das unidades da Farmácia Popular e diz que essa decisão do Ministério da Saúde inviabiliza a continuidade dos serviços, que atualmente atende cerca de 1.500 pessoas por mês.

Ressaltou que, com o fechamento das unidades, o fluxo de atendimento nas farmácias básicas de saúde e drogarias conveniadas ao programa tende a aumentar e que todas as unidades dispõem dos itens da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais, incluindo os remédios para doenças crônicas como lúpus e diabetes.

POSTOS – A presidente da Associação de Pacientes de Lúpus de Roraima, Ilde Ferreira, acredita que será necessário aumentar a quantidade de profissionais nos postos de saúde. “Já houve vezes em que tinha o medicamento na unidade, mas não estavam listados para serem liberados. Agora, a demanda será maior, então tem que ter mais pessoas para auxiliar na liberação dos remédios”, destacou.

Ela ressaltou que a associação enfrenta dificuldades para conseguir os remédios controlados para Lúpus. “Estamos conseguindo alguns agora, depois de muitas idas e vindas ao Ministério Público. Além disso, quando os medicamentos chegam, não duram muito tempo, então temos que fazer tudo de novo, com processos e outros”, disse.

A auxiliar administrativa Consolata Soares, que tem a mãe diabética, reclama da distribuição de equipamentos para esses pacientes. “Às vezes, é muito complicado. Faltam seringas, fitas de mediação da glicose. Temos que correr de um lado para o outro e rezar para conseguir”, afirmou.

Para ela, em questão de mobilidade, os remédios serem distribuídos nos postos de saúde é uma boa melhoria, pois há pelo menos uma unidade em quase todos os bairros da cidade. “O deslocamento prejudica muitos os idosos principalmente. Essa alteração é um benefício, desde que não falte a medicação que a população necessita”, disse.

Segundo o cronograma divulgado esta semana pelo Ministério da Saúde, 95% das unidades serão fechadas até julho e o restante fechará as portas em agosto.