Cotidiano

Moradores questionam indenizações e resistem à desocupação do Beiral

Moradores da área demolida pela prefeitura no bairro Caetano Filho conhecido “Beiral”, na região central da cidade, às margens do Rio Branco, questionam a indenização de suas propriedades. Ali será executado um projeto de revitalização. 

Quem questiona se diz inseguro com a negociação feita pela Prefeitura de Boa Vista (PMBV), além de achar baixos os valores ofertados, alegam que o contrato é assinado e o dinheiro da venda não é pago de imediato.

Além de se dizerem desconfiados. Argumentam a impossibilidade de se abrigarem em outro local, porque o valor do metro quadrado é baixo, o município não paga o valor das casas que tinham, indenizando apenas a área, com pagamento no prazo médio de 20 dias úteis.

Conforme a moradora Inárcia Maria, a residência dela tem toda a documentação, desde o primeiro proprietário. Ela falou com os responsáveis pela negociação várias vezes, mas não fechou negócio dadas as condições oferecidas pela (PMBV).

O contrato é assinado e a casa tem que ser desocupada no prazo de cinco dias. Mas, o pagamento da venda só é efetuado com vinte dias úteis, dificultando o abrigo em outro lugar por questões financeiras. Ademais, o valor ofertado é insuficiente para aquisição de outro imóvel com a estrutura equivalente a da casa dela.

“É muito difícil, sem lógica. Como você vende o único patrimônio que tem, desocupa em 5 dias para receber 20 dias depois? Não fechei negócio e só o farei com dinheiro na mão, por valor que corresponda ao que gastei no meu imóvel. Caso contrário ficarei como estou, esperando contato da justiça para resolver”, afirmou.

Outra moradora, Graciete Gomes, disse que a mãe dela também não assinou o contrato por conta do pagamento que é demorado e a desocupação gera custo financeiro. Ela também reclama do valor que é muito baixo. “Minha mãe não aceita o valor. E outra, só vai assinar o contrato quando o dinheiro estiver na conta bancária”, comentou.

PREFEITURA – O projeto de revitalização da área Caetano Filho, Beiral, está em execução e avança na fase das negociações e demolições de casas. Até o momento foram negociadas 247 casas. Destas, 30 recebem o aluguel social até que os donos sejam contemplados com o Minha Casa, Minha Vida. Outros 217 receberam suas indenizações.

Conforme informações da CMBV, tudo é feito com obediência à legislação pertinente. O procedimento foi igual para todos os 247, atendendo tudo que está previsto no decreto do projeto. Algumas famílias que ainda não fecharam a negociação estão com dificuldade de finalizar por conta da ausência de inventário, pois a área já é ocupada há muito tempo e muitos proprietários são falecidos.

A Secretaria Municipal de Projetos Especiais, por meio do Programa Braços Abertos juntamente com a Procuradoria-Geral do Município está analisando todos os processos para que todos estejam amparados pela legislação, garantindo aos moradores e ao Município a negociação correta, justa e transparente.

Os moradores que ainda estão na área que contempla o projeto, podem procurar o Cras São Francisco, localizado no bairro Calungá, para tirar as dúvidas pertinentes à revitalização, sejam de caráter jurídico, social ou financeiro. (E.S)