Cotidiano

Moradores reclamam de falta de posto de saúde no Calungá

Prejudicados pela falta de uma unidade de saúde no bairro, os moradores acabam se deslocando para o Centro de Saúde São Vicente

Todo mundo preza por um atendimento médico de qualidade na hora de qualquer enfermidade. Nessas horas, ter uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro faz toda a diferença, concorda? Quem mora no Calungá, na zona sul da capital, passa por outra realidade. Prejudicados pela falta de uma unidade de saúde no bairro, os moradores acabam se deslocando para o Centro de Saúde São Vicente.

Os moradores dizem que a falta de médicos e medicamentos compromete o atendimento no posto de saúde do bairro vizinho. A dona de casa Rosemary Matos, que mora no bairro há cerca de 15 anos, contou que os profissionais da unidade fazem pouco caso dos pacientes, além de não haver um acompanhamento dos agentes de saúde da família. “As pessoas precisam esperar a boa vontade de eles atenderem, é complicado”, disse.

Para a autônoma Flaviane de Souza, que mora no Calungá há 25 anos, a falta de médicos na unidade do São Vicente é o principal problema, principalmente pelo fato de ser mãe. “O posto tá bom, o que compromete os atendimentos é a falta de médicos. A gente até entende os funcionários, que não têm culpa mesmo”, pontuou. Assim como Rosemary, ela contou que são raras as visitas das equipes de saúde da família.

A opinião se repete para a dona de casa Lina Vieira, que reside há mais de 20 anos no bairro. A filha, grávida de três meses, já tentou atendimento de pré-natal mais de duas vezes na unidade, mas até o momento não teve sucesso. “Ela precisou ir ao posto do Treze de Setembro pra conseguir, porque é difícil encontrar médico no São Vicente. É uma situação difícil pra quem não tem transporte próprio”, ressaltou.

Dos moradores entrevistados, apenas o pastor John Kennedy, que mora na região há 10 anos, considerou o atendimento na unidade do São Vicente bom. “Sempre que preciso me dirigir à unidade, consigo atendimento. Nunca tive problemas no posto. Mesmo assim, acho que o bairro precisa ter sua própria unidade, é uma maneira de facilitar a vida da população”, finalizou.

OUTRO LADO – De acordo com a Prefeitura de Boa Vista, cada unidade de saúde da capital está situada dentro de uma área de abrangência que dá suporte para outros bairros adjacentes e todas elas são abastecidas regularmente com medicamentos nas farmácias. Além disso, informou que não há nenhuma regra do Ministério da Saúde que indique uma unidade para cada bairro.

Sobre o trabalho dos agentes de saúde, a gestão explicou que cada equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) cobre até 4 mil pessoas e cada agente até 750. Na capital, cada unidade cobre até 18 mil pessoas, de forma que a unidade São Vicente, que possui três médicos atendendo normalmente – exceto em casos de ausência por doenças ou capacitações, dá suporte ao Calungá, que também possui uma equipe ESF destinada à região. “É preciso verificar o porquê de a moradora do bairro não ter recebido uma visita da equipe. Para isso, pedimos que ela informe seu endereço e telefone para contato”, comentou.

Na avaliação da Prefeitura de Boa Vista, atualmente a rede municipal vive um momento de desafio por conta da crise migratória, que se reflete nas grandes demandas de atendimento nas unidades. (A.G.G)