Cotidiano

Moradores têm dez dias para pagar conta sob ameaça de terem luz cortada

Com um débito coletivo de R$120 mil, Eletrobras chegou a efetuar o corte da energia, mas voltou atrás e estipulou prazo para pagar 30% do valor

Na quinta-feira passada, 18, os moradores da área João de Barro, no bairro Cidade Satélite, zona Oeste da Capital, foram surpreendidos ao ter a energia elétrica cortada pela Eletrobras Distribuição Roraima. No dia seguinte, a causa do corte veio a conhecimento dos moradores: uma dívida de R$120 mil junto à empresa. Após uma conversa entre as partes, o acordo firmado foi o pagamento de 30% do débito no prazo de dez dias. Caso o pagamento não ocorra, a energia elétrica será cortada definitivamente.

Um dos moradores do local, que preferiu não se identificar, explicou à Folha que um levantamento referente ao consumo de energia está sendo realizado nas 300 residências da área. Os moradores pretendem dividir o valor total de acordo com o consumo de cada casa. “Se uma casa utiliza duas centrais de ar e uma só tem ventilador, a casa com a central vai pagar uma parte maior”, disse.

Com quase sete anos de ocupação, o morador informou que diversas autoridades já prometeram regularizar a situação de água e energia no local, principalmente em época de campanha eleitoral, mas nada foi feito. As residências da área são abastecidas por meio de ligações clandestinas puxadas a partir de um transformador, por meio do qual a Eletrobras calculou a dívida de consumo coletivo. Ele esclareceu que o corte só foi realizado pelo débito acumulado.

Durante a negociação, o morador disse ter sido foi informado pela Eletrobras que outras cinco negociações foram feitas junto à Associação dos Trabalhadores Sem-Teto (ATST), mas que a entidade não cumpriu o combinado. Com o novo acordo estabelecido, ele acredita que os moradores vão se unir para resolver a situação. “Ninguém aqui confia na associação. Aí eles não cumprem o combinado e a gente sai prejudicado”, ressaltou.

O morador informou que quando comprou o terreno onde mora, a associação responsável pela venda dos lotes não informou sobre contas ou cobranças. “Como você chega pra mim e fala que eu posso construir uma casa, diz que não preciso pagar nada e depois vem a cobrança? Se chegasse conta, a gente pagava, todo mundo é a favor”, declarou. Segundo ele, os moradores só pagam uma taxa de R$10,00 para manter a associação ativa.

Ele frisou que os postes improvisados estão começando a cair em razão das condições climáticas. “Às vezes os fios se enrolam e os moradores se arriscam para arrumá-los”, destacou. Temendo ficar sem energia, ele acrescentou que o levantamento sobre o consumo será entregue à Eletrobras na terça-feira, 23. “Esperamos que a conta possa ser dividida de acordo com o consumo de casa residência. Não podemos ficar no escuro”, afirmou.

ASSOCIAÇÃO – A Folha tentou entrar em contato com a Associação dos Trabalhadores Sem Teto (ATST), mas não obteve retorno.

PREFEITURA – A Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) afirmou que na área em questão existe um bloqueio judicial junto à União que impossibilita a Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) de regularizar o local

Mesmo diante da situação, a prefeitura informou que disponibiliza as ações da Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente referentes à coleta do lixo e limpeza do local.   (A.G.G)

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