Cotidiano

Moradores tentam impedir que técnicos da Eletrobras cortem ‘gatos’

Técnicos da Eletrobras Distribuição Roraima foram alvo de um protesto dos moradores do loteamento João de Barro, no bairro Cidade Satélite, ontem, 13. Os moradores tentaram impedir que os servidores cortassem o fornecimento de energia da região. A Polícia Militar foi acionada para conter os ânimos. Nenhuma pessoa ficou ferida ou foi detida.

Apenas um medidor de energia existe no local e as centenas de famílias que moram na área utilizam o serviço por meio de ligações clandestinas, os “gatos”. Segundo o morador Adriano Monteiro, ao comprar o lote onde reside, já ouvia promessas de que haveria uma infraestrutura básica. Ainda hoje a energia elétrica de sua casa é proveniente de “gato” e, ontem, com a retirada dos equipamentos que faziam a ligação clandestina os moradores da região ficaram totalmente sem energia. Ele disse que os técnicos só fizeram o trabalho deles, mas o protesto dos moradores foi legal e de direito. “Quando comprei o lote, a associação falou que teríamos fornecimento de energia elétrica e de água encanada, mas até hoje nada. Estamos a ver navios, temos que nos virar e agora estamos em situação de calamidade”, relatou.

Já Lourenço José, primeiro morador do bairro, enfatizou que o desejo das mais de 400 famílias do bairro é ter os serviços básicos de fornecimento de energia e água como todo cidadão. Sem o fornecimento de energia elétrica, os moradores vivem de maneira desumana. A filha de Lourenço teve que mudar os móveis para a parte externa da casa para proteção de saúde dos filhos, por conta das altas temperaturas.

“Só queremos o direito que todo cidadão tem, ter acesso ao fornecimento de energia e água de forma legal e pagar pelos serviços. Minha filha está morando na área da casa, para que os meus netos não adoeçam com o forte calor, pois há quatro dias estamos sem energia. Até a energia clandestina foi cortada”, contestou indignado.

ELETROBRAS – Em nota, a Eletrobras Distribuição Roraima informou que o fornecimento de energia e a retirada de equipamentos da rede elétrica do conjunto João de Barro aconteceu em função dos débitos existentes e não pagos.

“Com o intuito de negociar os débitos da unidade consumidora localizada no João de Barro, atualmente em nome da Associação dos Trabalhadores Sem Teto de Roraima, foram realizados vários parcelamentos, o último foi consolidado em julho deste ano, mas apesar da flexibilidade da empresa em realizar os parcelamentos, a unidade se mantém inadimplente, não restando alternativas, senão a suspensão do fornecimento de energia elétrica”, explicou.

Em razão de se tratar de área sob litígio judicial, a Eletrobras disse que está impedida de realizar investimentos no local e regularizar as unidades consumidoras. O valor do débito acumulado ao longo dos anos é de R$ 200 mil.

ASSOCIAÇÃO – A presidente da Associação dos Trabalhadores Sem Teto (ATST), Jeice Brito, disse que a inadimplência do débito é referente ao consumo atual dos moradores, que está acoplado as parcelas da dívida anterior, já negociada pela associação. “Nos responsabilizamos com a dívida e cumprimos nosso papel, sempre estando com o valor disponível para pagamento. O transformador está em nome da associação. Sempre fizemos o possível para regularizar esse problema, fomos atrás e cumprimos com a nossa parte do acordo”, afirmou. (E.S)