Política

Mortes no HGR serão investigadas pela Assembleia

O tema será discutido pelos parlamentares no retorno dos trabalhos na Assembleia Legislativa na próxima semana

As mortes de, pelo menos, 18 pessoas no último fim de semana no Hospital Geral de Roraima (HGR) serão investigadas pela Assembleia Legislativa de Roraima. O primeiro passo para isso foi um ofício enviado pelo presidente do Poder Legislativo, deputado Jalser Renier (SD), nesta quinta-feira, 27, à direção geral da unidade de saúde.

O parlamentar ressalta a função da Casa de investigar os atos do Poder Executivo e solicita informações como a relação dos pacientes mortos, com cópia dos respectivos prontuários e certidões de óbito, além da escala médica do hospital no dia dos fatos e indicação da equipe médica responsável pelos ambientes das mortes dos pacientes.

Jalser também solicitou a relação dos enfermeiros de plantão nesses locais e os relatórios técnicos da unidade de vigilância epidemiológica, comissão de verificação de óbito, comissão de controle de infecção hospitalar e coordenação de enfermagem e serviço social sobre os fatos ocorridos no final de semana. Ele pede ainda os relatórios periódicos de níveis de infecção do hospital dos últimos seis meses e os relatórios de medidas adotadas pela comissão de controle de infecção hospitalar nesse período.

Outras informações complementares à demanda, como os registros de manutenção das tubulações de gases medicinais e relatório de óbitos nos últimos seis meses com especificações por paciente, além do levantamento do estoque de remédios da farmácia do hospital na véspera dos fatos narrados pela imprensa.

Procurado pela Folha, Jalser Renier explicou que o assunto será levado ao plenário da Assembleia Legislativa na próxima semana, quando os deputados retornam do recesso parlamentar. “Estamos solicitando as informações para acompanhar a situação tendo em vista a função precípua do Poder Legislativo que é de fiscalizar a aplicação de recursos e os atos do Executivo. Com toda certeza esse assunto será pauta de discussão entre os parlamentares na próxima semana e munidos das informações necessárias vamos ter mais embasamento para chegar a uma conclusão”, disse.

Governo afirma que investigação descartou mortes por infecção

Em nota, a Secretaria estadual de Saúde (Sesau) esclareceu que todos os prontuários estão à disposição do Ministério Público do Estado, Conselho de Medicina e Assembleia Legislativa de Roraima.

Informou ainda que a investigação preliminar descartou mortes por infecção hospitalar, conforme manifestação dos órgãos controladores e de classe. Entretanto, as informações estão disponíveis para análise.

A Sesau reforçou que o HGR realiza, por dia, uma média de 500 atendimentos e o índice de óbito hospitalar na unidade é de 1,04% e se encontra abaixo do limite máximo recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 3,6%. Já o índice de infecção hospitalar foi de 2,2% em 2016, menor que o limite máximo de 5% recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Ministério Público já acompanha o caso

Divulgadas em primeira mão pela Folha no início desta semana, as mortes de 18 pessoas em dois dias no Hospital Geral de Roraima foram denunciadas por familiares e confirmadas por servidores que atuam no Instituto de Medicina Legal (IML) e pela Secretaria estadual de Saúde (Sesau).

Após a denúncia da Folha, o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, iniciou uma investigação sobre as causas dos óbitos ocorridos e requisitou à Delegacia-Geral da Polícia Civil a instauração de inquérito policial para apurar as mortes no período de 18 a 25 deste mês no hospital.

ÓBITOS – As mortes ocorreram entre 0h de sábado, 22, e 23h59 de domingo, 23. Ou seja, foi registrado, em média, um óbito a cada duas horas e meia na unidade. A maioria dos pacientes tinha entre 60 e 84 anos. Além de brasileiros, morreram venezuelanos e guianenses.

As causas foram as mais diversas, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), hipertensão, complicações por diabetes e paradas cardiorrespiratórias. Todos os casos passaram por investigação do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), que avalia mortes desconhecidas ou duvidosas com o objetivo de fornecer elucidação diagnóstica dos falecimentos.