Cotidiano

Obras sem planejamento provocam transtornos e prejuízos, diz Sindicon

Na Avenida Capitão Júlio Bezerra, um conjunto de obras referentes a três projetos começou a ser executado há um ano

 

A falta de planejamento na execução de três projetos de infraestrutura na Avenida Capitão Júlio Bezerra, que liga o Centro às zonas leste e norte da Capital, tem sido questionada por moradores, condutores de veículos e empresários. Trata-se da construção da ciclovia, do asfaltamento e drenagem, obras que geraram despesas consideradas desnecessárias aos cofres públicos, além de transtorno à população e prejuízos a comerciantes. A execução das obras já dura aproximadamente um ano.

Segundo o empresário Luiz Brito, presidente do Sindicato da Indústria de Construção de Estradas, Terraplenagem e Obras do Estado de Roraima (Sindicon-RR), a origem desse prejuízo está no cronograma dos estudos e das obras, ações que foram e estão sendo realizadas sem nenhum tipo de planejamento. Para realizar obras de drenagem, foi necessário paralisar a construção da ciclovia.

“Não se coloca asfalto em uma avenida para depois drená-la. É uma questão lógica, é notável, sem muito esforço, ver o gasto de dinheiro desnecessário. Como você faz asfalto se meses à frente vai fazer drenagem? O prejuízo fica para os cofres públicos e, consequentemente, para a população que paga seus impostos para ter bem-estar”, afirmou o empresário.

Ele comentou que a demora na execução das obras é consequência da irresponsabilidade das empresas ganhadoras das licitações que não cumprem o contrato com afinco que deveriam, o que causa transtornos. “Quem ganha a licitação geralmente é a empresa de fora, sem compromisso, que não está nem aí para o desenvolvimento da cidade, muito menos para o dinheiro da população”, complementou.

Uma moradora da avenida disse à Folha que, apesar de residir naquele setor da cidade, evita trafegar de automóvel para casa por conta das obras, pois, além de perder tempo, aumenta o risco de acidentes. “Eu evito trafegar pela Júlio Bezerra, apesar de morar nela. É muito complicado conviver com essas obras que se estendem há cerca de um ano, além de o risco de acidente ficar maior”, salientou.

Segundo o microempresário Milanum Júnior, proprietário de salão de beleza, as obras dificultam o acesso dos clientes ao estabelecimento. Ele disse que, anteriormente, atendia diariamente dez pessoas, no mínimo. Com o início das obras, o máximo que ele consegue são três, o que significa um prejuízo considerável. “Meu rendimento caiu muito. Antes eu faturava bastante, atendia várias pessoas por dia. Não tenho como calcular o valor de prejuízo que já tive”.

PREFEITURA – A Secretaria Municipal de Obras informou que as chuvas dos últimos dias prejudicaram o andamento dos trabalhos, mas frisou que a obra na Avenida Capitão Júlio Bezerra está em plena execução. “A obra foi feita por etapas, primeiramente no sentido Centro-bairro, e agora no sentido contrário, para que só um dos lados da via ficasse interrompido, justamente para não prejudicar por completo o movimento na avenida”, frisou.

Conforme a prefeitura, a obra contempla a implantação da rede de drenagem e outros serviços como meio-fio, sarjetas e recomposição asfáltica em diversas ruas e avenidas dos bairros Aparecida, Paraviana e Caçari. No total, cerca de 50 ruas e avenidas receberão os serviços.

Com relação à obra da ciclovia, destacou que se trata de dois convênios diferentes, um que executa a obra de drenagem e outro do projeto de mobilidade urbana, que foi paralisado antes da conclusão da ciclovia justamente para que não houvesse dano à estrutura da mesma. “Assim que a drenagem terminar, a ciclovia será concluída”, informou.

A Prefeitura frisou que trabalha com planejamento, procurando adequar o cronograma de uma obra a outra, evitando prejuízos e desperdícios. “Infelizmente, os convênios não são celebrados na mesma época, fazendo com que uma obra tenha que aguardar a outra ser concluída para ser finalizada. A Prefeitura pede a paciência da população e reforça que em obras desse porte os transtornos são inevitáveis, mas logo os benefícios ficarão”.(E.S)