Cultura

Oftalmologistas explicam os verdades e mitos

Os oftalmologistas Rômulo Ferreira e Lucas Monferrari falam sobre a cirurgia de Pterígio

O pterígio, popularmente conhecido como “carne crescida” e muitas vezes confundido com a catarata é uma degeneração da conjuntiva (pele que recobre a parte branca do olho) que faz com que ela avance sobre a córnea (parte mais anterior e transparente do olho, como se fosse o “vidro do relógio” para melhor entendimento).

De acordo com o oftalmologista Rômulo Ferreira, ao avançar sobre a córnea, o pterígio pode piorar a visão, devido ao aumento do astigmatismo e até mesmo, em casos mais avançados, obstrução do eixo visual (pupila).  “Além disso, o pterígio está frequentemente acompanhado de inflamação (pterigite), causando incômodo importante ao paciente”, relata.

Por esses motivos, a cirurgia de pterígio (chamada de exérese de pterígio) deve ser realizada sempre que houver uma das 3 indicações: complicação da visão secundária ao astigmatismo e/ ou obstrução do eixo visual, inflamação recorrente ou por questões estéticas se o paciente quiser. “Além disso, em muitos casos, pode ser necessário enviar o tecido retirado para o laboratório, pois existem raros casos de tumores que podem ser confundidos com o pterígio”

Segundo o oftalmologista Lucas Monferrari, o conceito que muitos pacientes têm de que “não vale a pena operar o pterígio, porque ele volta depois da cirurgia” não está correto. “Com técnicas modernas e corretas, a taxa de recorrência relatada em alguns estudos é de menos de 5%, enquanto com técnicas inadequadas (por exemplo, a esclera nua, em que o pterígio é simplesmente retirado sem colocar nenhum tecido em seu lugar), essa taxa pode chegar a mais de 50%. Portanto, a exérese de pterígio é uma cirurgia como outra qualquer, ou seja, Se For Fazer, Faça com a Melhor Técnica Possível”, diz.

A técnica que pode ser considerada padrão-ouro, atualmente, é o chamado transplante autólogo de limbo e conjuntiva com uso de cola biológica. As vantagens desta técnica incluem a menor taxa de recorrência (aproximadamente 5% versus 50% quando comparada à esclera nua) e o maior conforto no pós-operatório, uma vez que não tem pontos. “As desvantagens são o tempo cirúrgico (que é um pouco maior, por ser uma cirurgia mais trabalhosa, quando comparada à esclera nua) e o custo, que é um pouco mais alto e justificado pelo maior trabalho do cirurgião e pelo alto custo da cola biológica”.

É aconselhável aos pacientes a operarem o pterígio sempre que houver uma das indicações descritas, desde que seja feita por um profissional experiente e com a técnica adequada. A demora em operar pode levar a cicatrizes corneanas que, muitas vezes, causam danos permanentes à visão, mesmo após a cirurgia.