Cotidiano

Opir cobra concurso para professores indígenas

Líderes indígenas reivindicam o cumprimento do acordo feito em 2015, durante a greve dos professores, pelo Governo do Estado. Alguns pontos são a não realização do concurso público estadual para as escolas indígenas, a falta de transporte, além da precariedade nos materiais didáticos e a insuficiência da merenda escolar.

Em coletiva realizada na manhã de ontem, 18, a coordenadora estadual da Organização dos Professores Indígenas (Opir), Edite da Silva Andrade, citou o drama vivenciado pelas 14 comunidades que há mais de três anos cobram o cumprimento do acordo. “Eles [Governo] alegam que nada é feito devido à crise econômica. A questão não é a crise, é saber administrar o dinheiro público. O mandato está terminando e estamos cobrando em cima do que foi colocado”, relatou. “No dia 2 de maio, tentamos marcar uma audiência com a governadora Suely Campos, mas nos agendaram para o dia 15 e até agora ninguém se pronunciou, por isso resolvemos chamar a imprensa”, acrescentou.

De acordo com Edite, o ponto principal é o concurso público estadual para as escolas indígenas, que se trata de um concurso específico e diferenciado que abrangeria apenas indígenas. “Vejo que educação indígena não é prioridade do nosso governo, estamos sendo deixados por último, apesar de termos professores qualificados aguardando uma oportunidade”, argumentou.

Após a Assembleia Estadual dos Professores Indígenas, ocorrida no mês de abril, que contou com a presença do Chefe da Divisão de Educação Indígena, Milton Melquior Messias, a organização deu um prazo de 35 dias para o retorno sobre o Concurso Público. Uma comissão se reuniu com o secretário-chefe da Casa Civil, Frederico Linhares, nesta semana, e a resposta foi que nesta segunda-feira, 21, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) iria providenciar os convites às instituições interessadas a participar do certame.

De acordo com o vice coordenador do Conselho Indígena de Roraima, Edinho Batista de Souza, o mais precário é a gestão administrativa e estrutural, que não oferece condições para realização de um ensino de qualidade. “O movimento indígena ainda tem muito respeito, mas caso necessário, a gente vai ter que tomar algumas providências radicais, porque são nossos direitos, estamos há um bom tempo aguardando”, disse Souza.

OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria de Educação e Desporto informou que o Governo do Estado está em diálogo com professores ligados à Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opir) e que ontem, 18, os titulares da Seed e Casa Civil receberam a categoria em uma reunião para expor as demandas e buscar soluções.

Com relação ao concurso público, uma das reivindicações da categoria, a Seed esclareceu que já em fase de elaboração de edital e negociação da instituição responsável para realizar do certame. Esclareceu ainda que a revitalização de escolas nas comunidades indígenas está em andamento, entre elas, a Escola Estadual Alcides Miguel, na Comunidade Indígena Taboca, Município do Cantá, e a Escola Estadual Índio Macuxi, na comunidade do Napoleão, em Normandia. (K.M)