Cotidiano

Organizações criminosas não fazem distinção entre brasileiros e estrangeiros

Para a Sejuc, as facções criminosas vão sempre buscar ampliar o seu poderio e número de membros, independente da sua nacionalidade

A informação de que facções criminosas estariam recrutando venezuelanos do sistema prisional no estado, motivados pela ampliação do controle do crime organizado e para facilitar a aquisição de drogas e armamento, ganhou repercussão nacional. Sobre o caso, o titular da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), coronel Ronan Marinho, negou que os estrangeiros dentro das unidades prisionais sejam membros de facções.

Em entrevista à Folha, o secretário declarou que existem 46 detentos de origem venezuelana, sendo oito mulheres, a maioria presa por envolvimento no tráfico de drogas, porém, não há nada que confirme o envolvimento de nenhum deles com o crime organizado. O secretário reforçou que as facções criminosas não fazem distinção entre brasileiros e estrangeiros e que buscam somente aumentar o número de membros e recrutar as pessoas que possam ter mais influência no crime organizado, independente da sua nacionalidade.

“Evidentemente que se algum venezuelano já for criminoso no seu país, tiver alguma conexão com o tráfico de drogas e armas, ele vira um alvo. Por isso nós fazemos o acompanhamento desse detento, com apoio da Polícia Federal”, explicou Marinho. Outras ações de monitoramento também são realizadas em parceria com as Polícias Civil e Militar, a Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) da Sejuc e a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), mas, o secretário informou que muitas das ações não podem ser comunicadas tendo em vista que estão em andamento.

Marinho ressaltou ainda que as declarações feitas pelo secretário-adjunto da Sejuc, Diego Bezerra, ao jornal O Estado de São Paulo tratam do monitoramento dos presos, algo que realmente é praticado pela segurança pública estadual, porém, não confirma que algum dos detentos da Venezuela sejam membros de facção. “Da maneira como saiu, parece concreto, mas é uma especulação. Não tem nada confirmado de que há venezuelanos membros de facção criminosa no sistema prisional”, afirmou.

Apesar de não confirmar nada, o secretário não negou a possibilidade de entrada de estrangeiros nos grupos criminosos, mas esclareceu que, da maneira como foi colocado pela mídia nacional, “parece que tem um recrutamento direcionado para os venezuelanos”, o que para ele não é verdade.

FORA DO SISTEMA – Ronan Marinho confirmou, no entanto, a existência de estrangeiros que estão do lado de fora das unidades, pertencentes a duas grandes organizações criminosas que atuam nos presídios. A informação é que essas pessoas auxiliam na execução de planos das organizações e com informações, gravação de telefonemas e outros itens.

Para combater estas e outras ações semelhantes, a Sejuc informou que existe o monitoramento e outros trabalhos para diminuir a possibilidade de empoderamento das facções em qualquer unidade prisional. “Os presos de facção criminosa estão isolados. Então, existe pouca possibilidade. Além do mais, a gente monitora quem visita, quando visita, por que visita, quem é familiar e quem não é, advogado, todos os tipos de apoio que o preso tem dentro do sistema prisional é enxergado”, ressaltou Marinho.

O secretário citou, como exemplo, mais de 100 pessoas que foram detidas na porta do presídio no ano passado tentando levar algum material ilícito ou tentando cometer algum crime, ações rotineiras de limpeza do presídio para coleta de telefones celulares e a previsão de contratação de um ‘bodyscan’, ou seja, um raio-x do corpo todo e outros procedimentos em todas as unidades prisionais para coibir qualquer tentativa de entrada de material ilícito.

SEGURANÇA PÚBLICA – Ainda sobre o Sistema Prisional, o Governo do Estado completou que a Sesp pretende solicitar junto ao Governo Federal a atuação da Força Tarefa de Intervenção Penitenciária para auxiliar o combate à atuação das facções criminosas dentro das unidades prisionais.

Além disso, o governo citou que o Sistema Prisional Estadual ainda recebe ajuda da Força Nacional de Segurança Pública no reforço da segurança externa da Pamc, onde os agentes atuam no rádio patrulhamento dos perímetros externos do sistema penitenciário desde o início do ano passado, quando 33 presos foram mortos durante uma chacina e que a Polícia Militar atua com efetivo de 40 policiais, tanto na área externa, quanto na área interna da unidade prisional. (P.C)

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