Cotidiano

Órgãos ambientais já começam a se preocupar com avanço da estiagem

Monitoramento vem detectando aumento expressivo de focos de calor em regiões do Cantá, Caracaraí, Mucajaí e Rorainópolis

Com o fim do inverno, os órgãos que atuam na fiscalização ambiental em Roraima começam a se preparar para a chegada da estiagem. Caracterizada pela elevação da temperatura e seca da vegetação, esse período costuma castigar a grande maioria dos municípios do Estado, propiciando condições ideais para o surgimento de queimadas fora de controle em florestas nativas e áreas de lavrado.

“Apesar de as previsões indicarem que ainda teremos precipitações abaixo do esperado para o Estado, a situação é de muita atenção, já que na estiagem do ano passado nós tivemos muitas regiões com incidências de incêndio acima da média, o que acaba fazendo com que todos os órgãos tenham que reforçar as suas estratégias de combate a incêndios”, afirmou o diretor de monitoramento e controle ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Mazenaldo Costa.

O diretor disse que, diante da questão, as entidades que compõem o Comitê Estadual de Combate e Prevenção de Incêndios Florestais voltarão a se reunir já no próximo mês para traçar as estratégias para o enfrentamento da estiagem. A previsão é de que isso ocorra durante a programação da 40ª edição da Exposição Feira Agropecuária de Roraima (Expoferr), que esse ano ocorrerá no período de 05 a 15 de outubro.

“O período de estiagem aqui em Roraima inicia sempre do final de agosto até a metade de abril do ano seguinte. Desde que o Comitê foi instituído no Estado, o gerenciamento das ações é feita pela Femarh”, disse. Esse grupo é formado pelos principais órgãos de fiscalização ambiental do Estado, como a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Secretaria Estadual do Índio (SEI), Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, além dos órgãos federais como Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), bem como os órgãos municipais.

QUEIMADAS – Segundo Costa, somente nos primeiros 15 dias de setembro, o monitoramento realizado pela fundação detectou aumento expressivo de focos de calor em regiões do Cantá, Caracaraí, Mucajaí e Rorainópolis. Diante disso, uma das ações que devem ser realizadas durante o encontro do Comitê será um treinamento direcionado às secretarias de meio ambiente dos municípios.

“Ainda estamos coletando junto das equipes de campo da fundação e pelo monitoramento de satélite a quantidade exata de focos de calor existentes no Estado. Tanto que temos um grupo fazendo a verificação em Mucajaí, mas, de antemão, dentro do planejamento do Comitê, nós já tínhamos estabelecido que, além de discutir estratégias para as ações de estratégicas de combate ao fogo, iremos realizar uma capacitação voltada para as secretarias municipais de meio ambiente. A intenção é não só fortalecer o combate aos incêndios, mas também a questão educacional junto aos agricultores”, salientou.

Em relação à construção do calendário de queimadas controladas, Mazenaldo Costa informou que o método não deverá ser utilizado novamente, uma vez que a concessão para esse tipo de procedimento só está sendo permitida mediante ao licenciamento ambiental do próprio órgão.

“O Comitê vem verificando que, desde 2015, a adoção de calendário itinerante de queima controlada, como vinha sendo feito antes, não estava surtindo o efeito desejado pelos órgãos fiscalizadores, uma vez que, ao invés de diminuir, os índices de queimadas estavam aumentando.

Então, decidimos que a partir de agora a queima controlada só poderá ser feita mediante ao licenciamento ambiental retirada na própria Femarh, sendo que, caso a situação de queimadas fique fora de controle, essas autorizações passam a ficar suspensas, não sendo o permitido até para aqueles que já tiraram a autorização, mas não efetuaram a queima, até a normalização da situação”, destacou. (M.L)