Cotidiano

Órgãos prometem fiscalização em rios

A atividade da garimpagem ilegal, supostamente, é a responsável pela poluição de rios e queda na reprodução de peixes em RR

A Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) oficializou através de reunião com organizações federais ligadas a questão ambiental, a exemplo do Exército Brasileiro, Polícia Federal, Polícia Militar e demais órgãos estaduais, os resultados das análises nas águas dos rios Uraricoera e Amajari, após denúncia de ribeirinhos sobre possível exploração ilegal de minérios na região, poluindo os rios.

Segundo o diretor de monitoramento e controle ambiental da Femarh, Rarison Barbosa, a reunião deveria ter acontecido há duas semanas quando os técnicos retornaram com a coleta de amostras, e os resultados. Mas, em função de órgãos como o IBAMA e o Corpo de Bombeiros estarem realizando operações de combate a incêndios florestais em vários municípios, só foi possível reunir na semana passada, todas as entidades federais e estaduais para a apresentação dos resultados.

“Após recebermos o comunicado dos ribeirinhos de imediato deslocamos nossa equipe para acompanhar e colher amostras de água do local informado para análise e emissão de relatório. Como estávamos dando suporte à questão das queimadas florestais, e com a minimização de alguns focos, conseguimos reunir os órgãos federais e estaduais para debatermos e apresentar o relatório, bem como verificar a possibilidade de uma visita à região com todos os órgãos. Agora vamos estudar em conjunto como vamos proceder para concentrar esforços e nos deslocarmos e fazer uma varredura, identificando onde de fato ocorre essa degradação ambiental”, destacou.

Rarisson detalhou que possivelmente a ação seja realizada tão logo o Exército – que fornece a logística de equipamentos e veículos – conclua parte da operação de auxílio aos refugiados, bem como o retorno de outras operações que acontecem ao longo dos rios de Roraima, e assim possa se integrar aos demais órgãos.

“Mesmo a área não sendo de competência da Femarh, por se tratar de responsabilidade federal, mas considerando o corredor por onde possivelmente estejam sendo levados equipamentos para garimpagem ilegal via RR-205, decidimos solicitar apoio necessário para agirmos em parceria. Desta forma levamos a informação de toda a análise realizada no local e dissemos aos órgãos federais que esta situação precisa ser investigada e ao mesmo momento, manifestamos a decisão de agir, dependendo apenas do suporte de segurança e a logística necessária ao deslocamento e realização da operação”, informou.

Exército está ciente do problema, mas ida à região será planejada

Em nota a assessoria de comunicação da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, informou que o Exército está ciente do problema, por intermédio do setor de inteligência do órgão, mas no momento não existe planejamento para deslocar equipes até o local, o que ainda será feito.

O comando destacou que em fevereiro, no contexto da Operação Escudo, de combate a crimes ambientais na faixa de fronteira, a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, por intermédio do Comando de Fronteira Roraima/7º Batalhão de Infantaria de Selva, realizou incursão com 30 homens em três helicópteros do Exército, no garimpo do Mutum e no alto do Uraricoera, a noroeste do estado, na região da Terra Indígena Yanomami.

A assessoria de comunicação ressaltou que estão programadas para este ano, outras operações de combate a garimpagem ilegal nos rios de Roraima, além de fiscalizações para combater práticas ilícitas na faixa de fronteira, além de auxilio na fiscalização e combate a exploração dos rios localizados em áreas indígenas, e que estejam sob a ameaça de crimes ambientais.

Ibama acredita que ação seja da garimpagem ilegal

O superintendente do Ibama em Roraima, Diego Bueno, disse já ter tomado conhecimento da situação e imagina que o fato esteja relacionado ao garimpo na terra indígena Yanomami. Ele recebeu informações, não confirmadas, de que na área haveria mais de 3 mil homens fazendo garimpagem ilegal.

“No final de 2016 e início de 2017 tinham cerca de 70 balsas atuando de forma ilegal na região, agora este número deve ser superior. Existe também o garimpo que é feito no barranco, fora do leito do rio, e está cada vez maior. Estivemos lá no mês de março e fizemos uma atuação, onde encontramos uma área de 80 hectares de área de mata destruída na margem do rio, para ser utilizada como garimpo de barranco. Esse material removido pela ação da garimpagem acaba indo pro rio”, destacou.

Diego destacou que dentro das operações Ágata em conjunto com o Exército, o trabalho de combate ao garimpo ilegal tem se intensificado com o apoio da Funai, Polícia Militar, Polícia Federal e instituições que cooperam mutuamente para combater ilícitos e crimes ambientais na terra indígena Yanomami, e após o conhecimento deste relatório será debatida a possibilidade de uma atuação especifica nesta região.

FEDERAL – Durante a semana encaminhamos demanda à Polícia Federal para saber que ações são realizadas no combate e fiscalização da garimpagem ilegal em rios de Roraima. Até o fechamento desta edição não obtivemos resposta a nossa solicitação.

Atividade garimpeira propicia redução de espécies de pescado

Na avaliação do presidente da federação das colônias de pescadores do Estado de Roraima, Rafael Pinheiro, a garimpagem ilegal nos rios de Roraima, contribui para a redução cada vez maior de espécies regionais, que estão deixando de ser comercializadas em feiras na Capital e no interior.

“Estamos acompanhando a redução significativa na oferta de pescado regional, antes comercializada em grande quantidade. O pescador está tendo que buscar alternativas de renda para o sustento de sua família. Isso é lamentável. Como todos sabem a contaminação dos rios por mercúrio é nociva à reprodução das espécies, e a garimpagem está cada vez mais presente, comprometendo o sustento de inúmeras famílias que antes tinham como atividade principal a venda de pescado. Esperamos que as autoridades intensifiquem o combate à exploração ilegal dos nossos rios, bem como a manutenção da fiscalização para retirar do leito dos rios as explorações clandestinas de nossos recursos naturais”, declarou.