Cotidiano

Paciente venezuelana está com meningite bacteriana no HGR

Neste ano, foram notificados nove casos com suspeita de meningite; Destes quatro foram confirmados, quatro descartados e um está sob investigação

Uma paciente venezuelana foi diagnosticada com meningite bacteriana após dar entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR). A informação foi confirmada na tarde de ontem, 11, pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

A paciente é oriunda de Santa Elena de Uairén, na Venezuela, mas não teve seu nome e idade revelados. Segundo a Sesau, a paciente chegou a Roraima já com a suspeita da doença e, em seguida, deu entrada na unidade de saúde estadual. Na ocasião, a equipe do HGR afirma ter realizado os procedimentos de avaliação e tratamento de imediato.

A Sesau ainda não informou se o tipo da doença é da forma mais grave da enfermidade, também chamada de meningite bacteriana meningocócica. A informação obtida pela Folha é que os exames para identificação do agente causador da doença ainda estão sendo realizados.

Este é o nono caso de meningite notificado este ano, segundo o Núcleo de Controle da Coqueluche, Meningite e Difteria da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde (CGVS). Destes, quatro foram confirmados, quatro foram descartados e um ainda está sob investigação.

“Dentre os casos confirmados, um foi numa indígena do Município de Bonfim, que veio a óbito em fevereiro. O segundo caso foi notificado no mês de abril, também de um paciente de Bonfim, e o terceiro caso numa menina de 10 anos, de Boa Vista, no mês de maio. Em relação aos dois últimos casos, os pacientes se recuperaram”, completou a Sesau. O quarto caso confirmado é o da paciente venezuelana.

A Sesau informou que o caso já foi notificado para as Vigilâncias Epidemiológicas do Estado e da Capital, onde os exames complementares necessários ao caso foram realizados e onde houve a confirmação da meningite bacteriana.

A informação é que a paciente está em observação e com o quadro de saúde estável, sem risco de transmissão, devido ao tratamento já realizado. “A Sesau ressalta que não há motivo para pânico, pois todas as precauções pertinentes ao caso foram tomadas durante o atendimento da paciente”, assegurou.

SUSPEITAS – Em junho deste ano, a população roraimense ficou apreensiva com a possibilidade de uma morte causada por meningite no Estado, divulgada nas redes sociais. Supostamente, o caso teria ocorrido também no HGR, mas o Governo do Estado descartou a eventualidade.

Questionada sobre o caso na época, a Sesau informou que não havia casos de óbitos notificados como meningite nas unidades de saúde do Estado e que não havia “investigação nesse sentido pela Vigilância Epidemiológica Estadual”.

Segundo levantamento feito pela Folha, não foi a primeira vez que a Sesau descartou a possibilidade de óbitos causados pela doença nos últimos anos. Em maio de 2015, a informação era que quatro detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) teriam morrido em decorrência de meningite.

Pouco tempo depois, o Governo do Estado confirmou a morte de um preso e descartou a possibilidade de um surto da doença. Após investigações clínicas e laboratoriais, a probabilidade da causa da morte ter sido por meningite foi desconsiderada.

Infectologista alerta para diferentes tipos de meningite

O médico infectologista Mauro Asato informou que a forma da meningite depende do seu agente etiológico causador, podendo ser através de vírus, bactérias, fungos ou protozoários. Por conta destas diferenças, as formas de contágio são variadas, mas a maioria é através da respiração.

“Se a pessoa já tem predisposição a uma doença bacteriana, pode acabar pegando através da pele mesmo. A meningocócica tem veiculação aérea e tem surtos de epidemia”, informou. “É importante tentar isolar qual foi o agente causador, pois o tratamento depende muito do agente etiológico, é preciso dar nome para a bactéria”, afirmou Asato.

Por conta destas diferenciações, o médico explicou que a população não precisa temer todo e qualquer tipo de meningite. No caso da paciente venezuelana, ele explicou que agora ela já passou por tratamento e a probabilidade de contágio é baixa. “Com 24 horas que se fez o tratamento, o período de contágio acaba. É bem pouco provável, mas existe a possibilidade antes do tratamento sim”, relatou.

SINTOMAS – De acordo com o médico infectologista, os principais sintomas são dor de cabeça, febre alta, confusão mental, enrijecimento do pescoço, ter vômitos e em alguns casos, pode ocorrer manchas vermelhas pelo corpo.

Nesses casos a orientação para as pessoas com esses sintomas, é procurar o serviço de saúde de forma precoce. “A doença realmente é preocupante, tem risco de óbito, mas também não é qualquer meningite que tem que deixar em alerta a saúde pública”, informou.

DOENÇA – A meningite é uma infecção que faz as meninges, membranas que revestem e protegem o cérebro e a medula espinhal, inflamarem e incharem, o que pode danificar nervos e o cérebro.

As sequelas podem variar de gravidade de pessoa para pessoa, podendo ser temporária ou permanente. Em geral, quanto mais grave a infecção, maior a chance de complicações. As principais consequências são: perda da audição e visão, problemas com memória, concentração, coordenação motora, equilíbrio, aprendizado e fala, epilepsia e paralisia cerebral são possíveis complicações da meningite e até o óbito. (P.C.)