Cotidiano

Pacientes com diabetes reclamam de falta de medicamento na rede estadual

Conforme denúncia, a diabética Eruska Mesquita não recebe a quase um ano a medicação prescrita pelo médico

Pacientes com diabetes denunciaram a falta de medicamento no Hospital Coronel Mota, localizado na Rua Coronel Pinto, no Centro. A cerimonialista, Eruska Mesquita, disse que está há 10 meses sem receber a Lantus, insulina de ação lenta cuja função é manter os níveis de glicose estáveis ao longo do dia. Pela falta, ela disse que é obrigada a gastar R$518,80 por mês.

Por indicação do médico, Eruska foi cadastrada há cerca de cinco anos em um programa do Governo Federal, para utilizar a medicação específica de forma gratuita. Diferente das insulinas mais utilizadas, como NPH e regular, a Lantus não é encontrada em hospitais e postos de saúde. “O repasse dessa medicação existe por esse programa porque tem um custo maior do que as mais comuns”, disse.

Diabética há mais de 10 anos, a cerimonialista explicou que a principal diferença entre as insulinas é a durabilidade. Com a Lantus, o paciente tem a comodidade de se furar uma vez ao dia, enquanto com as outras o usuário deve usar mais de uma vez por dia. Para Eruska, a prescrição é utilizar um refil de 100 u/ml por semana. Cada unidade custa R$129,70. Por não estar recebendo, ela gasta R$518,80 por mês.

Segundo ela, esta é a segunda vez que os usuários ficam sem receber a medicação na gestão atual. Na primeira vez, em março de 2016, foi pega de surpresa e, sem dinheiro, contou com a ajuda de amigos para comprar os remédios. Contudo, ela explicou que nem toda farmácia vende o tipo de insulina. “Quando falta, eu entro em contato com a farmácia que fica perto da minha casa e digo que não tem a medicação no Estado. Eles fazem a solicitação e enchem o estoque, porque não sou a única que precisa”, relatou.

Desde abril de 2016 ela compra a medicação por conta própria, mas pensa nos usuários que não têm condições. “Alguma coisa deve estar acontecendo com eles. Porque, se eu não tomo, passo mal de ficar hospitalizada”, lamentou. Quando procura o Estado, a resposta é a mesma: “Só dizem que não tem e que é para aguardar. A desculpa é essa, que não foi licitado ou que está licitando. Até quando?”.

Sesau afirma que medicação deve ser fornecida por postos de saúde

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que a insulina Lantus não faz parte da lista de medicamentos e insumos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aos usuários portadores de diabetes mellitus, conforme prevê a Portaria 2.583/07, do Ministério da Saúde (MS). Contudo, o Estado já contratou uma empresa para fornecimento do tipo de insulina com recursos estaduais. “Mas, até o momento, a empresa vencedora da licitação não efetuou a entrega”, disse.

Conforme a nota, a Sesau já notificou a empresa e está adotando as providências necessárias para garantir o abastecimento. Informou ainda que os pacientes que tiverem a insulina Lantus prescrita podem solicitar de seus médicos a substituição pela insulina NPH e Regular, que devem ser disponibilizadas pelos postos de saúde.

O órgão esclareceu que o financiamento dos itens ocorre da seguinte forma: o Governo Federal envia as insulinas e os estados e municípios investem um valor por habitante para a compra de insumos, como seringas, lancetas e agulhas.

Deste modo, conforme a nota, quem necessita de insulina e insumos deve procurar diretamente um posto de saúde. “O Estado deve atender apenas aos pacientes em situação de urgência e emergência, e os insumos próprios para isto estão disponíveis nas unidades de saúde”, frisou. (A.G.G)

Diabética decide fazer tatuagem para evitar medicação errada

Com a finalidade de evitar aplicação de medicamentos impróprios em caso de emergência, a cerimonialista Eruska Mesquita decidiu fazer a tatuagem “Sou Diabética”. Ela explicou que, se um dia estiver sozinha e for levada ao hospital, já tem a garantia de que não vai receber medicação errada.

A ideia não é nova e já foi utilizada por outras pessoas no Brasil e no mundo. Nos Estados Unidos, desde 2006 existe um grupo que reúne profissionais que fazem tatuagens a preço de custo com alerta sobre diabetes. O objetivo é o mesmo, evitar uma confusão de diagnóstico caso o paciente esteja inconsciente.

No Brasil, já existem tatuadores que fazem as “tatuagens do bem” por até R$40,00. As tatuagens mais comuns são para identificar diabetes e alergias. (A.G.G)