Cotidiano

Pacientes do Hospital da Criança vão para leitos de retaguarda

Prefeitura de Boa Vista contratou 20 leitos do Hospital da Mulher para tentar desafogar atendimento na unidade municipal

Para contornar problemas de superlotação no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), a Prefeitura de Boa Vista contratou, por meio de licitação emergencial, o Hospital da Mulher para dispor de 20 leitos para crianças internadas que já não conseguem mais espaço nos outros 131 que a unidade municipal oferece.

No Hospital da Criança, cerca de mil crianças venezuelanas são atendidas mensalmente. Esse dado confirma a situação de superlotação que a unidade de saúde vem passando, onde filas enormes e crianças com diferentes doenças estão amontoadas em salas pequenas sem proteção. “É importante esclarecer que a crise migratória, somada ao período de chuva, influencia diretamente no crescimento da demanda na emergência do HCSA, setor que tem sofrido o maior impacto.”, explicou a prefeitura, em nota.

Carlos Marques, administrador do Hospital da Mulher, explicou que o convênio com a Prefeitura de Boa Vista foi assinado de forma emergencial no mês de abril, quando o período de chuvas iniciou, e irá durar até outubro. “Os pacientes que são encaminhados para nós são aqueles que muitas vezes já passaram por cirurgias eletivas ou algum processo nesse aspecto e estão precisando de atenção clínica. Então, estamos oferecendo serviço de acompanhamento, com alimentação, dando os remédios que possuímos. Tudo isso sendo ressarcido pela prefeitura”, explicou.

Marques relatou que os pacientes que são encaminhados para o local geralmente sofrem de doenças relacionadas ao período de inverno roraimense. Pacientes com doenças contagiosas, como caxumba e sarampo, são impedidas de serem transferidos ao local. “A grande parte dos pacientes que são mandados para cá estão com pneumonia ou tipos de gripes e alergias que são agravadas ao longo do inverno. A quantidade de crianças com pneumonia no Hospital da Criança, apesar de não ter como te dar um quantitativo, é absurda. Muitas mesmo”, afirmou.

O administrador do Hospital da Mulher também apontou ter ciência da situação crítica da saúde pública municipal, uma vez que o desespero é demonstrado pelo próprio hospital público. “No princípio, a prefeitura queria que estivéssemos dispondo de 40 leitos. Por possuirmos convênio com outras entidades, como bancos, vimos que só poderíamos ceder 20. A cada paciente que recebe alta aqui, a prefeitura já pergunta se dá para colocar mais cinco. Isso demonstra bem a situação que ela vem passando”, ressaltou.

Outro problema ocasionado no Hospital da Criança que justifica o convênio com o Hospital da Mulher é a reforma que a unidade de saúde está passando, causando limitações de espaços e prejudicando serviços ofertados.

“Atualmente o HCSA passa por reformas e o espaço está limitado para os atendimentos. A prefeitura tem trabalhado diversas estratégias para amenizar as dificuldades e diminuir o tempo de espera, colocando mais profissionais e adequando os espaços existentes, como o levantamento de um anexo provisório para dar suporte”, informou a prefeitura. (P.B)