Polícia

Padrasto é preso acusado de estuprar enteado de 8 anos de idade no Amajari

Cena de abuso foi presenciada por outra criança de oito anos, que contou para os pais, dando início a investigação do caso

A Polícia Civil, após uma investigação e muitos depoimentos, conseguiu prender em flagrante, na quinta-feira, dia 19, um técnico em refrigeração de 36 anos, acusado do crime de estupro de vulnerável, tendo como vítima o próprio enteado de oito anos de idade. O caso aconteceu na Comunidade Três Corações, quilômetro 100 da BR-174, no Município do Amajari, Norte do Estado.

O estupro ocorreu na manhã do dia 18 e denunciado por uma tia da criança, que confessou os sucessivos abusos. O laudo do exame de conjunção carnal realizado no Instituto de Medicina Legal (IML) confirma o crime. Depois de ter sido flagrado, o acusado fugiu para Boa Vista, mas retornou ao município e chegou a registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra os parentes da esposa por suposta calúnia. Aproveitando a oportunidade, o titular da Delegacia do Amajari, delegado Alberto Alencar, pediu que ele prestasse esclarecimentos sobre os fatos.

De acordo com as informações do B.O., uma tia da vítima foi responsável pela denúncia e, na delegacia relatou que seu cunhado estava abusando sexualmente do próprio enteado, na manhã de quarta-feira passada, quando o indivíduo chamou a criança que estava brincando com outros meninos para dentro de casa.

Um menino entrou na casa e flagrou o momento em que ele tirou a roupa da criança, passando a mão em suas partes íntimas e usando o dedo para abusar da criança. Por esta razão, a testemunha, que também tem apenas oito anos, disse que contaria para os pais o que viu na casa do vizinho e correu, temendo sofrer represália. O abusador ficou chamando o garoto que, amedrontado, não voltou.

Ao delegado, a testemunha contou que, a pedido da irmã mais velha, foi até a casa do acusado para tomar emprestado leite em pó e, quando entrou, encontrou a vítima gritando: “Para pai, senão vou contar aquele negócio para a mamãe”, ameaçando o padrasto a revelar a série de abusos sexuais que sofria.

A criança contou ao delegado como o padrasto agia. O menino destacou que tem medo do padrasto devido às ameaças de que apanharia se contasse à mãe. Revelou ainda que era segurado por um braço e despido pelo acusado, reforçando que os abusos aconteciam desde que ele tinha 6 anos, em muitas ocasiões até três vezes por dia.

A tia contou que já desconfiava do caso e que inclusive tinha denunciado ao Conselho Tutelar, afirmando agora ter certeza após ouvir os fatos sendo narrados pela própria criança. Ao saber do caso, a tia abraçou o sobrinho molestado e ambos choraram juntos.

Em depoimento, o homem confessou que fazia “esse tipo de brincadeira pesada” com o menino, de segurar pelo braço e mandar que outros tirem seu calção ou roupa, mas que não passava de “pura brincadeira”. Também confirmou que já baixou a roupa do enteado e “passou a mão em seu bumbum”, mas negou que tivesse ocorrido estupro.

Outros parentes já tinham comunicado à mãe da vítima sobre as suspeitas, mas ela não acreditava. No distrito policial, a mãe da criança disse que seu marido, com quem é casada há nove anos, era “muito brincalhão” e sempre pediu para seus outros filhos passarem a mão e o dedo no bumbum do menino, que em algumas circunstâncias pediu para que o marido deixasse de ter esse tipo de atitude.

Em entrevista à Folha, o delegado Alencar ressaltou que imediatamente abriu um inquérito para apurar os fatos. “Depois iniciei as investigações, expedi requisição de exame de conjunção carnal ao IML, sendo a criança devidamente acompanhada pelas conselheiras tutelares Maraci Barreto e Ingrid Leite, do Amajari. O laudo do exame de corpo de delito confirmou que há lesões no menino.”

A autoridade policial acrescentou que, em decorrência da desconfiança em relação às oitivas da mãe da criança e do autor do estupro, por precaução entrou em contato com o médico para que ele fizesse o exame de conjunção carnal. “O doutor informou a esta autoridade policial que o resultado era positivo. Desta forma, foi dada voz de prisão em flagrante delito ao conduzido por estupro de vulnerável com a qualificadora de o mesmo ser padrasto da criança”, salientou o delegado.

APOIO – Alencar pontuou o trabalho realizado pelas conselheiras tutelares do Amajari e o comprometimento do IML, segundo ele, fornecendo “provas nítidas” por meio do laudo que chegou à delegacia no mesmo dia em que os fatos estavam sendo apurados.

Para lavrar o Auto de Prisão em Flagrante, o delegado considerou os termos de informações da criança, da mãe, das tias e até mesmo do acusado, sendo o mesmo indiciado pelos crimes. Após a realização do exame de corpo de delito, o acusado foi encaminhado para Boa Vista, onde ficou em uma das celas de custódia da Polícia Civil aguardando a decisão da Justiça. (J.B)