Polícia

Pai é acusado de estuprar filha toda vez que pagava pensão alimentícia

Mãe descobriu o estupro depois de perceber que a filha andava deprimida e com baixo rendimento escolar

Na manhã desta sexta-feira, 15, equipes da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) e Inteligência da Polícia Militar (PM) prenderam um motorista de 35 anos, em cumprimento de mandado de prisão, acusado da prática do crime de estupro de vulnerável, praticado contra a própria filha, que perdurou durante dois anos. A prisão aconteceu às 6h na casa da namorada dele, no bairro Caranã, zona oeste.

Apesar de o crime ter sido praticado durante muito tempo, a mãe disse que não testemunhou qualquer um dos momentos porque não tinha contato com o ex-marido. “Nós recebemos o Boletim de Ocorrência comunicando o fato de que o acusado estaria estuprando a filha dos 12 aos 14 anos de idade. A mãe mandava a criança receber a pensão sempre acompanhada de um parente, porque ela havia se casado novamente, então não tinha contato com o pai da menina”, explicou a delegada responsável pelo caso, Eliane Gonçalves.

O pedido de prisão preventiva do acusado foi solicitado à Justiça pela delegada, mas demorou para ser cumprido porque o homem não era encontrado nos endereços em que a polícia teve acesso. “Ele cortou a relação com os familiares, mudou de telefone e eu solicitei, então, o apoio das equipes de inteligência da Dicap e da Polícia Militar, as quais conseguiram localizar e prender nesta manhã o acusado”, disse a delegada.

As investigações e exames comprovaram a prática do estupro. A garota relatou que sempre que ia buscar o dinheiro referente ao pagamento da pensão alimentícia era estuprada pelo pai. “Cada vez que essa criança chegava lá, acompanhada dessa outra pessoa, o pai mandava essa pessoa comprar um lanche, um refrigerante, alguma coisa. Nesse momento, ele estuprava a filha e fazia questão de falar para a criança que estava estuprando porque estava pagando a pensão para ela”, acrescentou a autoridade policial.

Assim que o caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil, uma série de intimações foi feita no intuito de que as partes envolvidas prestassem depoimentos para esclarecer o fato. O acusado já havia sido interrogado, acompanhado de um advogado, pois dispõe de uma condição financeira considerável e negou, na época, que havia praticado o crime.

Insatisfeita com o rumo que o caso estava tomando, a delegada decidiu acionar órgãos de saúde para a realização de exames específicos, inclusive a vítima foi levada ao Instituto de Medicina Legal (IML). Além disso, exames psicológicos foram pedidos pela delegacia. Ao fim de todo o procedimento, o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA) comprovou o estupro, “com cem por cento de certeza que essa criança estava sendo abusada por dois anos seguidos”, segundo Eliane.

A mãe fez a denúncia somente depois de perceber uma alteração no comportamento da filha e desconfiou de que estaria sendo vítima de algum mal. “A criança andava muito apática, muito triste, durante esse tempo, assustada, chorona. Na escola não estava tendo rendimento. Eles sabiam que estava acontecendo alguma coisa de errado com essa criança, só que não sabiam o que era, porque a criança não relatava o caso de tanta tristeza e vergonha que tinha, inclusive sempre questionava o pai nos momentos de estupro: ‘Você é meu pai, por que está fazendo isso?’”, salientou a delegada.

Após ser cumprido o mandado de prisão, expedido pela Vara de Crimes contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes, o acusado foi encaminhado para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), zona rural de Boa Vista.

Segundo a delegada, a criança está extremamente magra, apática e triste. “A gente vê que é uma vítima que vai precisar do trabalho dos psicólogos com bastante intensidade para que ela se recupere, infelizmente”, frisou Eliane Gonçalves. (J.B)