Política

Parlamentares se reúnem com Temer para debater imigração

A reunião ocorre esta manhã (5) em Brasília entre o presidente e representantes de outros estados afetados pela imigração

A imigração desenfreada para Roraima e as consequências para o serviço público e segurança serão temas de reunião, na manhã de hoje, 5, entre o presidente da República, Michel Temer (MDB), o presidente do Parlamento Amazônico, deputado estadual Gerson Chagas (PRTB). Do encontro também participam parlamentares de outros estados afetados pelo mesmo problema e representantes do Parlasul, Unale e Parlamento do Nordeste.

Em entrevista ao Programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, Chagas disse ter procurado ajuda de parlamentares de outros estados porque o problema não afeta apenas Roraima. “Reunimos com o parlamento amazônico, a crise também afeta o Amazonas, Rondônia e Pará. Em razão disso solicitei aos presidentes de outros parlamentos a inclusão desta pauta em suas agendas para que o Governo Federal apresente uma solução. Todos concordaram em participar”, disse.

Com a sinalização positiva para um encontro com o presidente da República, Chagas preparou um relatório com os números da imigração. Segundo o documento, em 2016, 74.563 venezuelanos entraram em território nacional por Roraima. Deste total, 68 mil deixaram o Estado no mesmo período. Em 2017 o número subiu para 79.562, dos quais 41 mil saíram. Já em 2018, somente em janeiro foram 15.044 entradas. Do total de pessoas que passam pela Polícia Federal estima-se que apenas 5.690 seguiram viagem.

“Temos mais de 54 mil venezuelanos em Roraima. Isso em números oficiais. Sabemos que para cada um que está regular há pelo menos um ilegal. Os abrigos mantidos pelo poder público comportam apenas 1.347 pessoas e todos estão superlotados. Quem não consegue uma vaga, dorme nas praças e nas ruas”, declarou o parlamentar.

Além da quantidade de venezuelanos que adentraram o Brasil por Roraima, o relatório apresenta dados referentes ao aumento da demanda por serviços públicos como a saúde. “Em 2014 tivemos 766 atendimentos de venezuelanos nos postos de saúde e hospitais, em 2015 passou para 3.064, 2016 subiu para 7.457. Em 2017 chegamos a 18.241 e estes números só tendem a aumentar”, disse Chagas.

Outro problema apontado pelo relatório como consequência da imigração desenfreada é o aumento da violência e da criminalidade. “Das ocorrências atendidas pela Polícia Militar do Estado de Roraima, em 2016 foram 326 registros envolvendo venezuelanos. Em 2017 passou para 1.718. Os crimes são diversos, desde furto, homicídio e estupro, entre outros. Em todas essas áreas tivemos significativo aumento de ocorrências”, frisou o deputado.

Deputados vão propor soluções ao Governo Federal

No encontro com o presidente da República, na manhã de hoje, 5, os deputados devem cobrar uma ação maior do Governo Federal no controle do fluxo imigratório. O presidente do Parlamento Amazônico afirmou que serão propostas soluções como a instalação de um posto sanitário na fronteira, coleta de impressões digitais de quem adentra o país e o reforço da segurança na fronteira com a utilização de scanners veiculares.

Chagas lembrou que para um estrangeiro adentrar qualquer país, deve apresentar o cartão de vacinação, documento que não está sendo cobrado dos imigrantes venezuelanos. “Precisamos de um posto de fiscalização sanitária antes da Polícia Federal, por onde ele deve passar antes de pedir asilo no Brasil. Precisamos deste controle para não correr o risco de que doenças já erradicadas no território nacional entrem novamente. Essa é uma medida de controle que com certeza vai dar resultado”, explicou.

Para sanar os problemas relacionados à segurança pública, os parlamentares devem cobrar a instalação de um posto de coleta de informações sobre os cidadãos que desejam adentrar o Brasil, seja venezuelano ou não. “Precisamos de um posto na fronteira que colete informações sobre esse cidadão. Ele vai deixar suas impressões digitais. Ali, eles também poderiam tirar uma cédula de identidade para estrangeiros”, disse.

Outro problema enfrentado na fronteira é a entrada de drogas e armas. Para sanar este problema, Chagas afirmou que serão solicitados scanners veiculares, um em Pacaraima e outro em Bonfim. “Está entrando muita droga em nosso Estado. Vamos solicitar do Ministério da Justiça e da Secretaria Nacional de Segurança Pública estes aparelhos que devem facilitar a atividade da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e da própria Polícia Federal”, detalhou.

A última proposta a ser apresentada ao presidente da República é a redução da burocracia para a aquisição de armas por parte da Secretaria Estadual de Segurança Pública. Hoje, a pasta tem dinheiro em conta para comprar armamento, mas a burocracia atrasa o processo. “Para comprar armamento a Secretaria deve encaminhar um pedido ao Exército. Isso se resolve em até três meses, mas pode demorar mais de um ano”, disse.