Polícia

Pescador é preso acusado de estuprar criança, que é neta de sua companheira

Criança de 10 anos contou à família que vinha sendo estuprada desde os 6 anos de idade pelo marido de sua avó

Um caso de estupro de vulnerável deixou a Polícia Civil intrigada, após receber a denúncia de que um pescador de 52 anos estuprava a neta de sua companheira, desde que a criança tinha 6 anos. Depois de quatro anos sendo violentada pelo acusado, a vítima teve coragem de contar para uma tia sobre o caso. Depois de realizar uma série de investigações, o Departamento de Operações Especiais (Dopes), em parceria com os agentes do Grupo de Resposta Tática (GRT), prenderam o indivíduo na manhã de ontem, dia 17.

O fato aconteceu no Município do Cantá, região Centro-Leste do Estado, a aproximadamente 35 quilômetros da Capital. No local da ocorrência, o suspeito é visto como uma pessoa agressiva. “No Cantá, as pessoas tinham medo dele. Dizem que ele era metido a valentão. Já está respondendo por violência doméstica”, declarou a delegada do Dopes, Eliane Gonçalves.

Ela deu detalhes sobre o crime e como o acusado fazia para manter a criança silenciada durante tanto tempo. Na delegacia, o pescador confessou os crimes contra as duas meninas. “Quando questionado se havia mais vítimas, ele afirmou que não, que foram ‘só essas’”, acrescentou.

Ao longo dos quatro anos de abuso, os familiares não desconfiaram de que a prática criminosa estaria sendo realizada, uma vez que a criança era intimidada a manter-se calada. “Ele ameaçava, sempre dizia que, se ela contasse para a vó, ele iria matar as duas e os demais membros da família. Mas há poucos dias a vó encontrou ele esganando a menina na varanda da casa e perguntou o porquê daquilo, momento em que ele respondeu que estava apenas ‘limpando as pernas da porca'”, explicou.

Os estupros, segundo a Polícia, aconteciam sucessivamente há 4 anos. “Começou a estuprar a garotinha com 6 anos de idade. Até que ela precisou estudar, quando fez 7 anos e aí veio morar na casa do pai, em Boa Vista. Mas quem sempre criou desde que ela nasceu foi a vó, que só agora entendeu por que ele ficava doido quando chegava a sexta-feira. Ele dizia que tinha que buscar a menina, mas ela [vó] pensava que toda essa preocupação é porque queria bem a criança, até mesmo pela idade dele. Mas, na verdade, era porque queria abusar dela”, disse Eliane Gonçalves.

Em depoimento, a criança chegou a dizer que, desde o momento em que chegava, no sábado até a hora de ir embora, no domingo à noite, passava por muitas sessões de estupro. “Se sobrava oportunidade, ele levava a menina para o mercado, onde comprava chocolate, outras coisas e dava dinheiro. Um dia, a menina estava com uma quantia considerável de dinheiro e a vó perguntou onde ela tinha conseguido, porque a condição financeira da família é precária”, complementou a delegada.

Segundo os familiares e algumas testemunhas, quando o acusado assistia a reportagens sobre violência sexual envolvendo crianças, ele sempre aparentava inquietação, afirmando que o criminoso merecia a morte, que há muitas mulheres na rua, por isso não havia necessidade de tocar em crianças. Por esse motivo a família ficou perplexa.

Quando a garota chegava na casa dele passava por uma sessão de estupro, desde a chegada até a hora de voltar para casa. “O estuprador tem o comportamento de sempre intimidar, para continuar colocando medo na vítima, para que veja do que ele é capaz, então sempre se apresenta como superior, o mais forte”, observou a delegada. “Ele levava a criança para todos os lugares que se pudesse imaginar, como terrenos baldios, à noite, dentro da rede, no barraco abandonado em frente à residência deles, no rio, já que ele é pescador”.

INÍCIO – As investigações iniciaram na segunda-feira, 13, a partir do momento em que um Boletim de Ocorrência (B.O.) foi elaborado com o relato da tia, que foi a primeira pessoa a ouvir sobre os fatos narrados pela criança. “Eu mandei buscar a criança e, quando chegou aqui, tremia igual vara verde e dizia que ele iria matá-la. Levamos para atendimento com a psicóloga, para consultas no Hospital da Criança, porque a criança está com Doenças Sexualmente Transmissíveis [DST]. E só depois de muita conversa ela foi contando as coisas para mim, para a psicóloga. O IML  [Instituto de Medicina Legal] já tinha feito o exame, que deu positivo. Nesta ocorrência, nós não trabalhamos com hipótese, somente com a certeza”, pontuou a diretora do Dopes.

O pedido de prisão preventiva feito pelo Dopes, ao fim das investigações, foi deferido pelo juiz da Vara responsável por crimes desta natureza e, na manhã desta sexta-feira, o acusado foi recolhido à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona rural de Boa Vista, onde ficará à disposição da Justiça.

OUTRO LADO – Em entrevista à Folha, o acusado confessou a prática dos crimes e ainda destacou que os abusos sexuais aconteciam nos fins de semana quando a criança estava em sua casa. “Eu fazia essas coisas à noite, quando todo mundo dormia ou quando não tinha ninguém por perto. Eu dava dinheiro, mas ela não morava comigo, nunca morou comigo”, disse. Quando perguntado se estava arrependido, ele não deu resposta.

OUTRA VÍTIMA – Em 2014, o acusado também havia violentado outra criança de 6 anos, que morava em frente à sua residência. O caso deverá ser investigado nos próximos dias. (J.B)