Cotidiano

Plano de visitação em área indígena volta a ser discutido em comunidades

O desenvolvimento da atividade turística sustentável em áreas indígenas voltou a ser discutido junto à Comunidade Boca da Mata, situada na Terra Indígena São Marcos, no município de Pacaraima, região norte do Estado. O assunto já havia sido debatido em 2015, no entanto, a ausência de recursos e definição de um modelo de turismo por parte dos indígenas comprometeu a efetivação.

O titular da Secretaria Estadual do Índio (Sei), Dilson Ingarikó, avaliou que os indígenas precisam ter ideia do modelo de turismo que querem implantar na região, seja ele ecológico, cultural ou empresarial. Para tanto, a comunidade está participando de reuniões de amadurecimento do projeto. “Vai ser mais fácil elaborar um plano de atividades e visitação”, disse.

Um novo encontro para discutir a questão na comunidade está previsto para acontecer em maio. Na oportunidade, serão realizadas oficinas de capacitação, empreendedorismo, associativismo e cooperativismo. Além disso, serão apresentados os tipos de turismo, bem como benefícios e perigos. O objetivo é que os indígenas escolham, a partir dos locais que queiram desenvolver, os modelos de turismo.

Por se tratar de área indígena, o secretário ressaltou que a situação não se resume em abrir um ponto turístico e liberar a visitação ao público. “Os indígenas precisam saber que atividades e serviços serão desenvolvidos por eles aos turistas, é preciso que o Governo Federal realize o controle necessário para a preservação do local. Tudo isso precisa e vai ser discutido com os indígenas”, salientou.

Na região dos índios Ingarikó, no Parque Nacional Monte Roraima, as comunidades já começaram a discutir o plano de visitação da região a partir do modelo de Ecoturismo, tendo em vista o trabalho com observação de animais, cachoeiras e a cultura indígena. Com a primeira oficina de elaboração do plano já realizada, os próximos encontros vão tratar de pacotes, cursos e vendas.

ENTENDA O CASO – Em outubro de 2015, uma equipe técnica formada por representantes da Secretaria Estadual do Índio (Sei), Departamento Estadual de Turismo (Detur), Universidade Estadual de Roraima (Uerr) e Instituto Federal de Roraima (IFRR) se reuniram para discutir a Instrução Normativa número 3, de junho de 2015, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o desenvolvimento da atividade turística sustentável em áreas indígenas. Um dos pontos discutidos foi a criação do plano de visitação para a Cachoeira do Macaco, um ponto turístico discutido em Câmara Temática e inserido no Plano Plurianual do Estado para o período 2016-2019. Isso foi possível porque a Funai regulamentou, por meio da Instrução Normativa, a exploração sustentável do turismo em terras indígenas. (A.G.G)

Comunidade Raposa 1 aposta em turismo comunitário

Falta pouco para os indígenas da Raposa 1, na região da Raposa Serra do Sol, darem início ao plano de visitação da comunidade, voltado ao turismo comunitário. Durante um ano, a comunidade participou de ações e oficinas, ministradas pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Universidade Estadual de Roraima (Uerr) e Instituto Federal de Roraima (IFRR), com apoio da Universidade Estadual do Amazonas (UEA). Após todo o processo, os indígenas aguardam a autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Para a conclusão do plano, o professor do curso de Turismo da Uerr, Bruno Dantas, informou que ainda faltam as cartilhas para os visitantes, contendo as normas gerais e de condução das trilhas e o que deve ser respeitado. A previsão é que a liberação ocorra até o final do ano.

O plano de visitação prevê três trilhas interpretativas guiadas pela própria comunidade. Nessas trilhas, várias atividades serão realizadas junto aos visitantes. “É a própria comunidade que vai organizar, vender os pacotes e distribuir a renda entre eles, sem intermediários e empresas”, apontou. (A.G.G)