Cotidiano

Polícia Civil vai apurar suposta fraude em concurso da ALE

Dez candidatos a cargos de nível Médio e de Procurador, que se sentiram lesados, registraram Boletim de Ocorrência no 3º Distrito Policial

Supostas irregularidades durante a aplicação da prova do concurso da Assembleia Legislativa de Roraima, organizada pela Funrio, foram denunciadas por diversos candidatos. Alguns até registraram Boletim de Ocorrência na Polícia Civil pedindo investigação. Por conta disso, foi instaurado um inquérito policial para investigar indícios de fraude no concurso.

Conforme a Polícia Civil, dez candidatos a cargos de nível Médio e de Procurador, que se sentiram lesados, registraram Boletim de Ocorrência no 3º Distrito Policial. Ainda na manhã de domingo, candidatos ao cargo de Procurador alegaram que o lacre do envelope onde as provas foram guardadas estava rompido, o que motivou o cancelamento da prova.

Para o cargo de assistente legislativo, os relatos foram parecidos. Segundo uma candidata ao cargo de taquígrafo, as turmas estariam misturadas na Escola Estadual Professor Coema Souto Maior Nogueira, com candidatos para o cargo de taquígrafo e assistente legislativo na mesma sala e, por conta da quantidade insuficiente de provas, um segundo pacote teria sido utilizado e estaria violado.

A falta de infraestrutura e preparo dos fiscais também foram motivo de reclamação. Um candidato, que preferiu não ser identificado, relatou que a infraestrutura da escola não era suficiente para o concurso, pois o local era uma escola para crianças pequenas. “Quando cheguei ao local da prova, era uma escola primária, a Diva Lima. Estava tudo tranquilo, a única coisa que eu notei foi a falta de conforto. Por ser uma escola primária, as carteiras eram muito pequenas e pessoas muito grandes se sentiam extremamente incomodadas por não caberem direito”, relatou.

O participante reclamou ainda que a fiscalização foi pouca. “A banca não tomou todos os cuidados na hora de os candidatos entrarem para fazer a prova. O detector de pontos eletrônicos não foi utilizado, por exemplo. A gente só entrava e colocava o celular e a chave no saquinho. Eu acho que era importante o detector pelo fato de ter tido especulações de fraude no mesmo concurso, e isso pode ser um precedente para quem esteja querendo agir de má fé para conseguir aprovação no concurso”, contou.

Outra participante afirmou que a sala estava trancada e foi preciso arrombá-la. “Tiveram que arrombar a porta usando martelo. Meia hora antes da prova tinha apenas um fiscal por sala e ele manteve conversa com candidatos, comentando que estava indignado com a organização do concurso”, disse.

Os boletins registrados no 3º DP foram encaminhados à Delegacia Geral de Polícia Civil, considerando a gravidade dos fatos narrados e a grande repercussão, tendo o caso sido encaminhado ao Departamento de Polícia Especializado para instauração de inquérito policial a fim de apurar suposta fraude no concurso público da Assembleia Legislativa.

Os fatos narrados nos boletins de ocorrência e pela imprensa constituem o crime previsto no Art. 311-A do Código Penal, que é o crime de Fraude em Certame de Interesse Público, cuja ação penal é pública incondicionada, e as penas são de até seis anos de reclusão para os responsáveis.

OUTRO LADO – Em nota, a Superintendência de Comunicação da Assembleia Legislativa informou que o concurso foi realizado pela Funrio, empresa contratada para realização do certame. “Portanto, providências a serem adotadas, bem como outros assuntos relacionados à aplicação das provas, são de responsabilidade da referida empresa”, afirmou.

A reportagem da Folha também tentou contato com a Funrio por e-mail e por telefone, mas não recebeu resposta.

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