Cotidiano

Políticas públicas voltadas à cultura são discutidas em audiência pública

Representantes da música, cultura indígena, produção audiovisual, quadrilhas juninas, dança e artes visuais de Roraima se reuniram, nesta quinta-feira, 23, na Câmara Municipal de Boa Vista (CMB), para a audiência de Políticas Públicas para Cultura. Entre as reivindicações dos segmentos artístico-culturais, a principal foi a criação do Conselho e do Fundo Municipal de Cultura. 

Conforme o músico e produtor cultural Bebeco Pujucan, a audiência marca o início de uma fase de diálogo entre o poder público e a sociedade civil organizada, que esteve representada por meio de coletivos, associações e artistas. Segundo ele, o diálogo aberto entre a Câmara e a produção cultural de Boa Vista vai contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas de cultura.

Pujucan destacou que a criação do Conselho e do Fundo Municipal de Cultura são pilares centrais para os segmentos artístico-culturais, uma vez que a sociedade civil passa a interferir diretamente por meio do Conselho. “Já que o Conselho é formado por pessoas envolvidas com a cultura local, vemos como um passo de suma importância a criação de ambos”, pontuou o músico.

Um dos representantes do movimento da capoeira, Dagoberto “Caimbé”, ressaltou que a atitude da Câmara em ouvir os protagonistas e produtores da cultura de Boa Vista é importante para o cenário, uma vez que os anseios, demandas e dificuldades em se fazer cultura são sentidos pelos próprios participantes. Com a realização da audiência, ele frisou que a participação do público cultural deve ser mais presente na Câmara.

Caimbé apontou que uma das principais reivindicações do movimento é conseguir implantar a capoeira dentro das escolas municipais, conforme as leis que já existem. Segundo ele, o Estatuto da Igualdade Racial e as leis 10.639/2003 e 11.645/2008 já preveem o ensino dentro das instituições. “Então é só pôr em prática para que possamos levar a educação da capoeira para as escolas do município”, frisou.

A representante do grupo Folclórico Quadrilha Estrela Junina, Rodicleia Souza, esclareceu que o grupo está correndo atrás de patrocinadores para incentivar a cultura que estaria prestes a ser esquecida. Criada em 2003, a entidade enfrenta a dificuldade de não ter eventos para se apresentar. “Praticamente, nós só participamos do concurso de quadrilhas dos arraiais. A cultura quadrilheira está acabando e não podemos deixar”, disse.

O vereador e um dos requerentes da audiência, Linoberg Almeida, ressaltou que a ideia da audiência surgiu a partir de uma reunião de orçamento realizada na Câmara em setembro deste ano. Na ocasião, os representantes culturais presentes queriam falar sobre os recursos que seriam destinados à cultura. No entanto, ele destacou que aquele não era o momento adequado para tratar do assunto.

Com a audiência marcada, ele reforçou que a população precisa encontrar na Câmara um lugar de diálogo sobre os assuntos que estão presentes na sociedade. “Você tem um grande grupo que faz música, um que faz panela de barro, outro que faz artes plásticas e populações tradicionais indígenas e maranhenses. É um caldo cultural na cidade que deve encontrar na Câmara um lugar para falar sobre sua pauta”, comentou.

O requerimento para a realização da audiência foi de autoria dos vereadores Linoberg Almeida, Renato Queiroz, Marcelo Lopes e Mauricélio Fernandes. Além dos segmentos artístico-culturais, foram convidados para a audiência a Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista (Fetec), o Conselho Estadual de Cultura, entidades civis e a população em geral.

A Câmara informou que todas as solicitações feitas no evento serão reunidas em um relatório que será enviado à Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV). O documento servirá de base para que os vereadores possam cobrar do Executivo municipal as demandas. (A.G.G)