Cotidiano

População deve fazer descarte nos locais em que o produto foi comprado

Lixo eletrônico não pode ser jogado no aterro sanitário, pois pode ocasionar a contaminação do lençol freático

Os consumidores ainda possuem dúvidas sobre a correta destinação de pilhas e baterias, celulares antigos ou com defeito, aparelhos de televisão ou computadores, isso em razão da pouca divulgação da resolução 12.305/2010, a qual atribui a responsabilidade de recolhimento aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. Todo o material deve ser descartado em coletas seletivas próprias, que podem ser encontradas em postos de vendas instalados em diversos pontos na capital, e nos supermercados que vendem este produto, lojas de informática e de venda de celulares.

O gerente de um supermercado localizado no centro da capital, Bruno Lima de Araújo, informou que, apesar de existir um ponto de coleta de pilhas e baterias logo na entrada do estabelecimento, não é comum os consumidores retornarem com o material usado e fazerem o descarte. “Colocamos o ponto de coleta bem visível e com placa indicando que este ponto é para coleta de pilhas e baterias que não serão mais utilizadas, mas infelizmente poucos consumidores trazem esse material para ser depositado. Vendemos uma média de 500 a 600 pilhas e baterias mensais, e apenas cerca de 40% desse material é devolvido. Falta mais orientação à população sobre o descarte correto deste material, pois muitas acabam colocando em sacolas plásticas tendo como destino o aterro sanitário”, disse.

Segundo o geólogo da divisão de Educação Ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Richard Marcelo Costa, uma das atividades que foram intensificadas junto a população e a comunidade escolar no ano passado foram palestras sobre o descarte correto destes materiais, bem como alguns tópicos relacionados à lei 12.305, que regulamenta todo este processo.

“Temos intensificado nossa atuação no sentido de despertar na população esta conscientização sobre a forma correta do descarte de todo este material. Nossa preocupação é com as ameaças à saúde e ao meio ambiente causadas pelas substâncias contidas nas baterias e pilhas. Nelas há, por exemplo, mercúrio, cádmio, chumbo, zinco-manganês e alcalino-manganês. Há estudos que mostram que algumas substâncias podem levar à anemia, a problemas neurológicos e ao desenvolvimento de câncer. No meio ambiente, o descarte das pilhas e baterias pode atingir os lençóis freáticos, o solo e a alimentação, ampliando assim esta cadeia de contaminação”, alertou.

Richard detalhou ainda, sobre a revisão do plano municipal de resíduos sólidos, executado no ano passado pelo Fórum Lixo e Cidadania, onde foram apontados itens que necessitavam ser revistos, adequando assim à realidade do município. “Fizemos uma nova consulta pública e conseguimos fazer as adequações propostas. O plano deve ser colocado em prática até o final deste semestre, inclusive com o funcionamento dos novos moldes e diretrizes do aterro sanitário”, comentou. (R.G)

Senai firma parceria com empresa e material é entregue para reciclagem

A assessoria de comunicação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) informou que a instituição mantém uma parceria com uma empresa de recolhimento de sucata e baterias e, nas unidades do Senai, foram instaladas caixas de coletas de pilhas e baterias. Todo o material é entregue ao ferro velho AGA, que direciona todo material para reciclagem.

O proprietário do ferro velho, Antônio Carlos da Silva, ressaltou que mantém esta parceria com o Senai há vários anos e todo o material que é entregue pela instituição de ensino é enviado a São Paulo para uma empresa que trabalha com esta reciclagem. “Além desta parceria com o Senai, todo o material que é recolhido e direcionado à minha empresa é dado a destinação correta. Infelizmente na capital é encontrada uma quantidade imensa de sucata, pilhas, baterias de celulares, aparelhos eletrônicos e itens eletrônicos, jogados de qualquer forma no meio ambiente sem o devido cuidado. Em média, realizo o envio de mais de 1.100 toneladas de sucatas todos os anos para São Paulo”, informou.(R.G)

Prefeitura alerta que lixo eletrônico não pode ir para aterro sanitário

Em nota, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente (SPMA) de Boa Vista informou que, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei n°12.305/2010), estes resíduos são tratados como de logística reversa, ou seja, devem voltar para o local de origem. As pessoas devem entregar o lixo eletrônico no local em que foi adquirido o produto. A referida política prevê que os produtores de um eletroeletrônico têm que prever como será a devolução, a reciclagem daquele produto e a destinação ambiental adequada, especialmente dos que eventualmente poderão retornar o ciclo produtivo.

Em Boa Vista, os comerciantes de baterias de carro, por exemplo, no ato do licenciamento ambiental pela SPMA, são orientados sobre a devolução ao fabricante. O mesmo acontece com as pilhas e baterias tipo botão, vendidas em muitos comércios. Os comerciantes também conhecem a lei que os obriga a receber de volta, e muitos locais já estão recebendo, como no shopping, em algumas lojas de telefonia e na Faculdade Cathedral. A Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente também recebe esses resíduos.

A administração municipal informa ainda que, esse tipo de lixo não pode ir para o aterro sanitário, pois pode ocasionar a contaminação do lençol freático. Além disso, vai contra a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que os incluiu como resíduos da logística reversa e é necessário devolver ao fabricante para que reutilize ou elimine os componentes contaminantes para descartar adequadamente.

O Plano Municipal de Resíduos Sólidos prevê a fiscalização do cumprimento dessa política nacional por parte das empresas. No momento, o Plano está em fase de licitação para a contratação da empresa responsável pela implementação da logística reversa dos resíduos, além dos demais resíduos descritos na lei nº 12.305/10. (R.G)