Política

Prefeito opositor é condenado à prisão na Venezuela

País também acumula inflação de 249% em 2017, segundo parlamento

O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela condenou ontem o prefeito do município de El Hatillo, David Smolansky, a 15 meses de prisão, de acordo com o “El Nacional”.

Político, que faz parte da oposição ao governo, foi acusado de não evitar barricadas e protestos, como havia ordenado o TSJ. A decisão também determina que ele perca o cargo de prefeito e os direitos políticos.

Em maio, o TSJ havia determinado que nove prefeitos impedissem bloqueios nas estradas durante os protestos contra o presidente Nicolás Maduro.

Na terça-feira, o prefeito de Chacao, Ramón Muchacho, foi condenado a 15 meses de prisão, também por não cumprir a determinação.

Outros três receberam a mesma pena: Alfredo Ramos (Iribarren), Carlos García (Mérida) e Gustavo Marcano (Lechería).

Em sua conta no Twitter, Smolansky criticou a decisão e convocou um protesto contra ela para a manhã de quinta-feira.

— Quero dizer que sigo sendo um funcionário público, por vocação e convicção. Meu compromisso de resgatar a democracia na Venezuela segue intactom, o desejo para que a Venezuela tenha segurança, justiça e democracia aumenta cada vez mais.

Para o prefeito, a decisão não diz respeito a ele, mas sim à decisão dos eleitores que o elegeram.

— O chamado é que, amanhã (quinta), a partir da 7h, saiamos todos às ruas do município para nos manifestar e defender El Hatillo.

A inflação acumulada na Venezuela até julho deste ano alcançou 249%, informou ontem o parlamento do país, de maioria opositora, que durante 2017 tem se encarregado de informar sobre este dado na ausência da informação do Banco Central (BCV).

“Temos uma inflação acumulada neste ano de 249%, isso é o que está acontecendo na Venezuela no dia de hoje. Não há aumento de salário que possa cobrir esta situação”, disse o deputado Rafael Guzmán durante uma sessão do Legislativo, onde também detalhou que a inflação de julho foi de 26%.

Devido ao fato de o BCV estar há mais de um ano sem divulgar a inflação e outros indicadores do país, a Assembleia Nacional venezuelana decidiu em janeiro que informaria o índice de preços ao consumidor para assim oferecer mensalmente dados sobre a economia, explicou então o parlamento através de um relatório.

“Para isso se definiu uma cesta de bens e serviços representativos do consumo do venezuelano, de acordo com a informação subministrada pela IV Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada pelo INE (Instituto Nacional de Estatísticas)”, destacou esse relatório.

A inflação na Venezuela, que segundo o BCV fechou 2015 em 180,9%, é considerada pelo governo de Nicolás Maduro um problema induzido por uma “guerra econômica”, pela qual culpam empresários e opositores e à qual atribuem a grave crise que assola a nação caribenha.

O Banco Central guardou silêncio desde 2016 sobre as cifras oficiais de inflação, do Produto Interno Bruto (PIB) e de escassez no país.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou que a inflação seguirá descontrolada na Venezuela e prevê que ficará em 720% este ano e até 2.000% em 2018.

Com informações de O Globo e Exame