Cotidiano

Prefeitura vai desapropriar famílias no Beiral e anuncia demolição de 14 casas

Prefeita Teresa Surita anunciou ontem que as famílias retiradas por causa do alagamento não mais retornarão para suas casas

A prefeita Teresa Surita (PMDB) anunciou, na manhã de ontem, 10, durante entrevista a uma emissora de TV, que 14 residências na área de interesse social Caetano Filho, popularmente conhecido como Beiral, que se estende pelo Centro e o bairro Calungá, zona sul da Capital, serão demolidas até a próxima semana.

A desapropriação da área vai começar com a impossibilidade de retorno das famílias que foram desabrigadas em razão da cheia do Rio Branco, por se tratar de um local que oferece risco à população. Mas, ela informou que a previsão é que 144 casas sejam demolidas. Porém, o projeto de reestruturação do Beiral deve atingir 340 habitações.

De acordo com a Prefeitura, essas casas que serão destruídas de início já foram entregues pelos proprietários. As famílias de baixa renda receberão aluguel pago pelo Município até que sejam realocadas para unidades do projeto Minha Casa, Minha Vida, com previsão de construção de 1.500 unidades.

Segundo a prefeita, quem não se encaixar no perfil social para ser beneficiado pelo grama habitacional serão indenizado pelo valor das residências em até quatro dias após entregarem as casas. Teresa informou que realizará na próxima sexta-feira, 14, uma coletiva de imprensa para dar mais esclarecimentos sobre essa ação.

MORADORES – Adonai Luiz da Silva é um dos moradores do Beiral que está desabrigado em razão da rigorosidade do inverno e foi realocado para o Ginásio Tancredo Neves, no bairro Caimbé, com mais 12 famílias. Ele informou que a Prefeitura abordou os moradores com a proposta de demolição das propriedades e que a sua família concordou em entregar a residência, que pertence à sua mãe, localizada na Travessa Presidente Castelo Branco.

“Falaram que vão dar uma indenização para a gente pela metragem do terreno. Estou só esperando o dinheiro cair na conta. O Beiral já deu o que tinha que dar”, afirmou o morador. “Para nós foi bom. Algumas pessoas estão descontentes, porque querem milhões numa casa, mas eles têm que entender que as casas não valem isso tudo”.

Segundo Adonai, a Prefeitura informou que ainda vai fazer uma análise documental dos moradores para saber se algum deles já foi contemplado em projeto habitacional. “Vão fazer uma vistoria para saber se a minha mãe já não foi contemplada com alguma casa. Mas não foi não. Eu tenho inscrição nos projetos sociais há mais de 20 anos e meu nome nunca saiu”, frisou.

Após isso, se tudo estiver regularizado, a expectativa é que a família assine os contratos na próxima quarta-feira, 12, disse Adonai. “Depois disso, mais vinte dias, eles nos pagam. Nós vamos comprar outra casa. Botando [depositando] o dinheiro na nossa conta, a gente dá um jeito”, disse.

Defesa Civil Municipal diz que situação em Boa Vista é estável

A Defesa Civil Municipal informou que a situação da cheia do Rio Branco em Boa Vista se manteve estável na segunda-feira, 10, mesmo com a intensidade das chuvas que caíram no fim de semana. Segundo Amarildo Gomes, diretor do órgão, o nível das águas diminuiu, porém, a fiscalização se mantém em alerta por conta da possibilidade de alagamento em outros pontos da cidade.

Até o momento, mais de 70 famílias foram realojadas, a maioria com o auxílio da equipe da Defesa Civil Municipal e outras por conta própria. Deste total, 12 foram encaminhadas para o abrigo localizado no Ginásio Tancredo Neves, no bairro Caimbé, zona oeste da Capital. As famílias desalojadas são residentes dos bairros Paraviana, Cauamé (zona norte) e na área do Caetano Filho, o Beiral, no Centro. Outras estão em monitoramento, no caso de necessidade de mudança.

Amarildo Gomes disse que a população está recebendo o cuidado necessário no abrigo. “Estão sendo disponibilizadas cestas básicas com alimentação e energia elétrica para as famílias, além de uma Van do projeto Braços Abertos, que está fazendo o translado das crianças em idade escolar para as instituições de ensino, para que compareçam normalmente às aulas”, afirmou.

Segundo ele, apesar da estabilidade, ainda não é o momento para o retorno das famílias às suas residências. “Como o rio começou a baixar, muitas delas já querem voltar para casa, estão cansadas de ficarem no abrigo, mas ainda não é hora para voltar. Mesmo com a baixa do rio, a possibilidade de enchente e de casas ficarem submersas ainda é alta, por isso pedimos paciência da população”, frisou.

Nível do Rio Branco chega a 8,28mm

Dados da Rede Hidrometeorológica Nacional (RNH) informam que o nível das águas do Rio Branco registrado na segunda-feira foi de 8,28mm. No mesmo período do ano passado, o registro foi de 6,06mm.

De acordo com o boletim hidroclimático disponibilizado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), somente neste mês de julho choveu 52,3mm em Boa Vista. Com relação a todo o Estado, a maior precipitação ocorreu na região nordeste, onde está localizado o município de Uiramutã, o mais afetado pelas chuvas rigorosas.

A previsão para os próximos dias é de tempo nublado com possibilidade de chuva em áreas isoladas, com tendência de temperaturas estáveis com variações entre 23ºC e 32ºC. A umidade terá uma variação entre 50% e 90% e os ventos terão intensidade de fraca a moderada. A previsão também afirma que a região noroeste do Estado será atingida com chuvas acima de 12mm nos próximos dias.

Cidades do interior estão em alerta

Nos demais municípios do interior do Estado, a situação também continua de alerta. No Amajari, região norte de Roraima, as equipes do Corpo de Bombeiros passaram cinco dias realizando o transbordo de moradores que não conseguiam trafegar pelas vicinais da região e fazendo vistorias em algumas áreas de risco. A situação do município é estável.

Em Pacaraima, também na região norte e na fronteira com a Venezuela, um trecho da BR-174 ficou coberto pelas águas durante o fim de semana. Além disso, houve um deslizamento de terra, no entanto, a situação já foi normalizada.

Uma chuva forte atingiu Uiramutã, região nordeste do Estado, agravando a situação da cidade, que ainda tenta se recuperar dos estragos causados pela enchente do Rio Maú, em maio deste ano, que afetou mais de 300 pessoas, a sua maioria formada por comunidades indígenas.

No Cantá, região centro-leste de Roraima, houve transferência de famílias de áreas de risco e, em Rorainópolis, região sul, há pontos de alagamento, mas a situação está sob controle, segundo o Corpo de Bombeiros. (P.C.)