Cotidiano

Produto personalizado e capacitação são diferenciais

Para driblar a dificuldade, uma alternativa encontrada foi apostar no produto personalizado e artesanal. Nas grandes indústrias, a produção é padronizada. A Excelente faz do jeito que o cliente quer.

“Podem escolher diminuir o peso, ter um produto mais seguro. Podem acompanhar a montagem, alterar alguma especificação, tipo ou optar por mais detalhes. Damos essa liberdade aqui. E é bom ter o cliente próximo da gente, dando ideia, para crescermos mais”, avaliou.

O investimento em equipamentos também é um diferencial para melhorar o acesso a mercados. Ao adquirir uma máquina de solda MIG, aumentou a capacidade de suporte das carrocerias.

“A maioria das máquinas de solda é de eletrodo e o pino suporta 30 quilos. O pino de solda da MIG suporta 700 quilos. Logo, nossa qualidade é maior. O custo é mais elevado, mas entrego um produto que sei que vai suportar as exigências do trabalho”, comentou.

CAPACITAÇÃO – Outra forma é se manter atualizado sobre as regulamentações e normas do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A cada dois anos, o empresário participa do Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas (Fenatran).

“Estudo os caminhões de todas as concessionárias. Quero saber quanto suporta de carga, a que comprimento pode chegar, qual o equipamento ideal, tudo dentro da lei. Esse treinamento é passado para os funcionários para que todas as normas sejam aplicadas em nossos produtos”, ressaltou.

Expectativa é superar a  crise e expandir negócio

A expectativa de Altemar para os próximos anos e ver o país superar a crise econômica. Para ele, as empresas sofreram muito neste período. Por exemplo, diz que a Excelente, que já teve 27 trabalhadores, foi obrigada a demitir para o mínimo possível.

Desde o ano passado vem notando pequenas melhoras. Ele acredita que mantida a tendência, pensa em ampliar os negócios. “Sempre tive vontade de montar uma filial em Manaus. Quem sabe isso não poderá acontecer? É possível, não é descartado”, revelou.

Lembrando as dificuldades que enfrentou com a família quando chegou a Roraima, o empresário ressalta que nunca pensou em desistir. Sempre conseguiu forças para seguir em frente.

“Junto com meus filhos, a empresa é minha vida. Sou grato a Deus por ter me dado essa oportunidade, mesmo sem ter conhecimento ou parente que trabalhasse na área para me ensinar. Ter a minha família, a minha casa, os meus filhos e os filhos adotados, que são os funcionários é uma benção”.

Altemar se considera realizado. “Só em a gente ter o que comer, ter um local para dormir e estar com a cabeça tranquila, acho que já é uma satisfação muito grande”, pontuou.

 

História de portas até carrocerias

Altemar nasceu em Presidente Dutra, no Maranhão. Veio para Roraima adolescente no final dos anos 1990, com a mãe, o padrasto e seis irmãos. Os dois irmãos mais velhos ficaram no Nordeste e o restante da família veio em busca de oportunidades na Região Norte.

No início, se estabelecer em Roraima foi complicado. A mãe Luzia Nascimento trabalhava na roça e, ao chegar a Boa Vista, ficou encarregada de cuidar dos sete filhos. O padrasto Francisco arranjou um emprego na construção civil. Por ser o irmão mais velho dos que vieram para cá, Altemar começou a procurar emprego aos 14 anos de idade.

“Na época eu não pensava em ter um negócio. Eu queria ter algo para comer. Chegamos aqui em situação delicada. Passamos necessidade, era muita conta e o salário do meu padrasto não dava”, afirma.

Altemar revela que numa ocasião, saiu do quarto de madrugada e viu sua mãe chorando. Depois, descobriu que Dona Luzia chorava de fome, pois dera o alimento que tinha aos filhos e ficou sem o que comer.

“Aquilo me deu uma força muito grande para trabalhar. Aí comecei a capinar quintal, vender picolé e pouco tempo depois, a trabalhar com marcenaria”, revelou o empresário.

No começo, Altemar trabalhava na fabricação de portas. Permaneceu na empresa por três anos, quando a marcenaria fechou e dispensou os funcionários. Pouco tempo depois, com os 18 anos, conseguiu outro emprego já com carrocerias.

Aí, conheceu um rapaz vindo de Rondônia, que tinha experiência com fabricação de carrocerias. O homem montou sua empresa e Altemar permaneceu empregado por oito anos.

Após esse período, montou sua própria empresa: a Carrocerias Excelente, que completará dez anos no dia 3 de maio. Altemar afirma que além dos filhos Ludmilla, Itamar, e Francisco, a empresa é a sua maior conquista. (P.C)