Cotidiano

Produtor investe na bacia leiteira e instala fábrica de laticínios no interior

Cearense filho de fazendeiros se tornou referência na fabricação de produtos derivados do leite para abastecer o mercado local

Foi trocando a ordenha manual de gado pela mecanizada que o empresário rural Teotônio de Matos, de 49 anos, investiu pesado na produção de laticínios. Ele reduziu o tempo de ordenha e economizou em mão de obra, sem abrir mão da qualidade do leite, para abastecer boa parte do mercado local, além do consumidor final.

São nas duas unidades produtivas, uma localizada no Município de São João da Baliza, na região Sul, e outra no Cantá, na região Centro-Leste, a Fazenda Joaquina, onde funciona uma fábrica de produtos derivados do leite. Lá o produtor cearense fortaleceu a bacia leiteira de Roraima e hoje colhe os frutos do seu trabalho.

Filho de fazendeiros do interior do estado nordestino, o produtor aprendeu desde cedo, com o pai, o trabalho de ordenha.  “Nasci numa fazenda onde já ordenhava vacas, mas fazia isso de uma forma rudimentar. Foi assim que pude ter a base para pensar em um dia construir uma indústria em expansão em algum lugar”, disse.

Na pequena fazenda do pai, eram retirados cerca de 150 litros de leite por dia. “A pequena produção ficava numa região árida do Ceará. Com muita dificuldade, meu pai acabou se destacando na questão da qualidade e matriz genética”, afirmou.

Em 1992, Matos decidiu deixar o Ceará e apostar na bacia leiteira de Roraima, que estava em plena expansão.  “Em Roraima, fui o primeiro produtor de leite a fazer duas ordenhas por dia. E hoje são poucos, só eu e mais uns dois que fazem isso”, frisou.

A Fazenda Joaquina fabrica diversos produtos com qualidade assegurada para vários supermercados, padarias e churrascarias da Capital e interior. Alguns dos produtos fabricados são: queijo prato, queijo provolone, queijo coalho, quatro variedades de queijo muçarela e queijo parmesão, além de manteiga e doce de leite. O produtor contou que, em breve, a empresa passará a fabricar iogurtes e mais quatro variedades de queijo.

 “Nas duas unidades, eu produzo cinco mil litros de leite por dia. Isso dá uma média de pouco mais de 700 quilos de derivados do leite que são comercializados em Roraima. Eu atendo da Vila do Equador até Boa Vista. São centenas de empresas que compram meus produtos. Acredito que, em Roraima, dei o passo mais acertado da minha vida. Aqui é um lugar de oportunidades onde se conseguem muitas coisas”, destacou. (L.G.C)

Investimento em ordenha mecanizada impulsionou a produção de laticínios

A alternativa de ordenha mecanizada, que melhora a produtividade, é viável para todas as faixas de produtores, o pequeno, médio e grande pecuarista. Na fazenda Joaquina, do produtor Teotônio Matos, quando seus funcionários faziam a ordenha das vacas com a forma tradicional, a produção leiteira era de 400 litros por dia.

A partir da instalação da ordenha mecânica, que permite a retirada do leite sem estressar os animais – como ocorre quando é utilizado o processo manual – e, consequentemente, aumenta o rendimento deles, a produção foi triplicada.

Segundo ele, as ordenhas das vacas são feitas duas vezes ao dia, pela manhã e pela parte da tarde, com retirada média de 1.200 litros de leite diários. O tempo da ordenha, em cada período do dia, diminuiu de horas para minutos.

“Para ter essa estrutura tive que investir, em 2014, R$ 300 mil. A ordenha aumentou a produção e diminuiu a mão de obra. É uma ordenha canalizada, onde não existe contato manual com o leite. Retiramos leite de 10 vacas de uma vez só, que já vai direto para o resfriador e, de lá, para o laticínio. Tudo é feito de forma integrada”, destacou.

Melhoramento genético foi fundamental

O desenvolvimento de um rebanho está ligado a diversos fatores. Não adianta investir apenas na alimentação. São várias etapas e cuidados para que os objetivos sejam alcançados e a definição de cada uma é feita de acordo com a finalidade do rebanho: produção de carne ou leite.

Conforme o produtor, ao chegar a Roraima a genética do gado leiteiro ainda era fraca. “Fui investindo na compra de gado de leite. Fiz contato com algumas fazendas em Minas Gerais e trouxe para cá uma genética selecionada. Fiz clonagem do gado e vendi para diversas fazendas”, frisou.

Segundo o produtor, o melhoramento genético coloca-se como necessidade em qualquer área e sistema de manejo que pode ser extensivo ou intensivo. No caso da pecuária leiteira, ele trouxe para Roraima uma seleção das melhores raças produtoras de leite.  Para o produtor, o gado leiteiro de Roraima passou por dois momentos, o de antes e o posterior à Fazenda Joaquina. “Fui a primeira pessoa que trouxe vaca de mais de 20 litros de produção diária para Roraima. Hoje ninguém mais quer comprar vaca que não seja dessa produção pra frente”, ressaltou.

Para este fim, o empresário investiu na compra de gado da raça gir-leiteira, a mais indicada por estar adaptada ao clima local e ter altos índices de produção. Com o melhoramento genético desta raça visa, ele conseguiu elevar ainda mais os números de produção. “O principal investimento foi em genética, depois investi na melhora da produção de pastagem, ração concentrada com as vacas, desenvolvi a formula da ração e fiz parceria com uma fabrica”, explicou.

“Eu aprendi com meu pai sobre a seleção de vacas e a produzir muito leite com pouca vaca. O que temos que fazer é melhorar a genética para aumentar a produção em menos área possível, e Roraima é um Estado fantástico a produção”, afirmou.